Presidente da República, Jair Bolsonaro.

Ao sair do Palácio da Alvorada, na terça-feira (3), para viagem à Anápolis (GO), Bolsonaro destilou seu incômodo contra o Jornal Nacional, da Rede Globo, que comemora 50 anos de existência. A reação tem motivo. A Globo nos últimos tempos tem se esmerado em noticiar com detalhes os estragos provocados pelo ocupante do Planalto nesses oito meses de desgoverno.

Perguntado sobre o aniversário do programa jornalístico, o presidente esbravejou que “não tem mais teta, não estão mamando mais, não tem mais propaganda oficial do governo.” A entrevista foi combinada com um representante de uma tal “Folha do Brasil”, integrante da falange digital bolsonarista.

Projetando nos outros o que faz compulsivamente, Bolsonaro disse que a imprensa fala muito de ditadura. “Olha só imprensa brasileira, vocês falam tanto em ditadura. Ela [ditadura] se prima, entre outras coisas, por fechamento de jornais, rádio e televisões. A TV Globo nasceu em 1965, é uma empresa então ditatorial”, disse Bolsonaro, ironizando a emissora.

Sobrou também para a Veja. Aliás, igualmente com motivos. Afinal, ela acabou de descobrir o paradeiro de Fabrício Queiroz, assessor de Flávio Bolsonaro e operador do esquema de lavagem de dinheiro no gabinete do então deputado fluminense.

“A [revista] Veja nasceu em 1968. Agora o JN se prestou”, “o esporte agora é me atacar. Não vão conseguir, o coro aqui é grosso”, complementou o presidente.

Em nota, lida no ar do Jornal Nacional de terça-feira, a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), entidade com grande tradição no combate à censura e ao arbítrio, se solidarizou com a Globo pelos ataques que vem sofrendo por denunciar as mazelas provocadas por um governo arrogante contra o povo e a sociedade e extremamente submissa aos EUA, reafirmou seu compromisso com a liberdade de imprensa e a democracia.