Hassan Rouhaní:  “Eu venho de um país que defende e resiste ao mais cruel terrorismo econômico”

O presidente do Irã, Hassan Rouhaní, afirmou no seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), quarta-feira, que os Estados Unidos agem como “um inimigo que busca que nosso país se dobre utilizando armas de pobreza e pressão”.

Ao responder a Trump, que agredira o Irã um dia antes acusando o país de ser o “maior fomentador do terrorismo no mundo”, Rouhani afirmou:  “Eu venho de um país que defende e resiste ao mais cruel terrorismo econômico”, lembrando ainda que “os EUA recorreram à pirataria internacional ao usar indevidamente o sistema bancário internacional” para sua política de bloqueio.

O presidente iraniano frisou que seu país não vai se render “diante de agressões ou imposições estrangeiras”.

Destacou que não é possível sentar com Trump enquanto a Casa Branca insiste em “aplicar as sanções mais duras da história e que atentam contra a dignidade e prosperidade da nossa nação”.

Recentemente o Departamento de Estado norte-americano publicou um vídeo comemorando os resultados da sua campanha de “máxima pressão” contra o Irã: redução na produção de petróleo, queda de 6% no Produto Interno Bruto (PIB), aumento da inflação em 52% ao ano e perda do valor da moeda iraniana. Esta sucessão de resultados negativos, na avaliação de Washington, levaria a que o governo de Teerã “se comporte como um país normal”.

Ao que Rouhani assegurou: “Nós nunca iremos esquecer esses crimes e esses criminosos”.

“EUA FOGE DE TRATADOS E ACORDOS”

Para que seja restabelecido o debate e um diálogo verdadeiro, o líder iraniano defendeu que os EUA devem parar de “fugir dos tratados e acordos” e passar a respeitar o compromisso assumido sob o acordo nuclear negociado em 2015 – abandonado pelo governo Trump em 2018. “Abandonem as sanções para abrir o caminho às negociações”, conclamou Rouhaní, condenando os EUA por apostar “no silêncio de uma nação”.

Além de tais atitudes revelarem o desprezo norte-americano pelos entendimentos internacionais, fica claro que, se “os Estados Unidos dão as costas a seus compromissos, a Europa não é capaz de cumprir com os seus”, assinalou o dirigente iraniano, para quem o velho continente também não contribui para compensar as sanções e manter o pacto.

Quanto aos ataques realizados pelo Iêmen contra refinarias sauditas – falsamente atribuídos por Washington e várias potências europeias ao Irã – ele declarou que “o Iêmen tem o direito de se defender” e esclareceu que a situação criada pela agressão saudita coloca em risco a segurança do Golfo e reforçam a necessidade de cooperação entre os países da região. “Nós somos vizinhos de vocês, não dos Estados Unidos”, destacou, dirigindo-se às lideranças do Golfo. Além disso, defendeu, “a segurança da região necessita da retirada das tropas dos Estados Unidos” e do fim da “agressão” saudita ao Iêmen.