As reivindicações colocadas pelos manifestantes ganharam abrangência: pensões dignas, redução do preço dos medicamentos, alívio no endividamento dos chilenos, salários decentes, custo de vida controlado, melhora no transporte público, gratuidade nas universidades

Uma multidão retornou às ruas da capital chilena, no sábado, 7, para marcar os 50 dias desde o início da maior onda de protestos no país em décadas. O concentração foi mais um ato de repúdio à política neoliberal que assola o Chile. Os protestos, que se iniciaram com o anúncio do aumento nas tarifas do metrô de Santiago, rapidamente tomaram grandes proporções.

As reivindicações colocadas pelos manifestantes ganharam abrangência: pensões dignas, redução do preço dos medicamentos, alívio no endividamento dos chilenos, salários decentes, custo de vida controlado, melhora no transporte público,  gratuidade nas universidades, etc.

E longe do que prometeu, nacional e internacionalmente, o presidente Sebastián Piñera continua dando carta branca aos Carabineiros, a polícia chilena, para reprimir sem controle.

Ao menos 352 pessoas sofreram feridas nos olhos pela ação policial com balas de chumbo e de borracha disparadas por escopetas, informou o Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile, INDH, na sexta-feira, 6, denunciando que em 21 desses casos se produziu a perda de um olho enquanto que o resto corresponde a lesões ou traumas que, em muitos casos levam à cegueira. O número representa um aumento de 111 pessoas em relação ao anterior informe do INDH, de 3 de dezembro.

O Instituto, um órgão público, porém autônomo e independente, difundiu também que 3.449 pessoas foram feridas desde que começaram os protestos, em 18 de outubro último, das quais 1.982 foram atingidas por

disparos de bala, balas da chumbo, ou objetos não identificados.

O organismo entrou com um total de 685 queixas contra a ação dos agentes do Estado, delas 6 por homicídio, 11 por homicídio frustrado, 108 por violência sexual e 544 por torturas e tratos cruéis. Isso sem contar com as ações impetradas por outros órgãos ou pelos milhares que pessoal ou familiarmente  foram prejudicados.

Enquanto isso, passando por cima do desastre imposto aos trabalhadores, estudantes, enfim, o conjunto do povo chileno, Sebastián Piñera e membros de sua família realizaram milionárias transferências para paraísos fiscais, segundo investigação do site chileno El Desconcierto.

Revelou-se que o Serviço de Impostos Internos do Chile, SII, cancelou dívidas milionárias às suas empresas. “Entre 2015 e 2016, Bancard Inversiones Limitada, sociedade empresarial controlada em 66% pelo presidente, transferiu, a título gratuito, US$ 96 milhões à Bancard International Investment, uma empresa de seus filhos domiciliada nas Ilhas Virgens Britânicas”, denunciou o portal.