Multidão em Tel Aviv comemora a derrota de Trump
A notícia da derrota de Donald Trump chegou poucas horas antes da manifestação anual em Tel Aviv em homenagem ao primeiro-ministro Rabin israelense, assassinado exatamente 25 anos atrás, registrou o co-fundador e porta-voz do Gush Shalon [Bloco da Paz], Adam Keller, que destacou que o ato foi encerrado, como de costume, com o cântico de “Vamos marchar para o sonho/ Vamos conquistar a paz/ E não territórios”, entoado por Aviv Gefen.
Com Israel há meses encalacrado com as ruas exigindo da justiça defenestrar o corrupto e inimigo da paz Benjamin Netanyahu, aliás, Bibi, a derrota de Trump repercutiu intensamente, estimulando a disposição de se livrarem também da pérfida figura. “Trump down, Bibi to go” [Trump caiu, que se vá Bibi] -, comemorava um cartaz.
Gefen improvisou um discurso de agradecimento ao povo norte-americano, por estar empurrando Trump de volta para o esgoto. “Neste dia tão especial, quero agradecer aos nossos irmãos e irmãs na América. Quero agradecê-los por nos mostrar que se pode defender a democracia e superar as forças da ruptura”, destacou.
“Agradecer a eles por nos darem esperança! Em frente até à vitória!”, convocou, sob fortes aplausos.
“Gush Shalom, o Bloco de Paz israelense, parabeniza Joe Biden e Kamala Harris por sua vitória difícil e sua entrada iminente na Casa Branca”, acrescentou Keller, considerando a derrota de Trump “um grande dia para o mundo inteiro”.
O porta-voz parabenizou os democratas norte-americanos por conseguirem “sacudir e destituir um presidente que pisoteava as normas democráticas mais básicas e que ainda persiste em esforços inúteis para se agarrar a seu poder em decadência”.
Keller enfatizou que, como israelenses, “saudamos a remoção de um falso amigo que causou enormes danos ao Estado de Israel ao empurrar nosso país cada vez mais fundo na lama da ocupação e opressão”, que distanciou Israel “da paz com seus vizinhos palestinos” – a paz vitalmente necessária que é essencial para o nosso futuro e sem os quais “os acordos com países distantes são completamente inúteis”.
O Gush Shalon conclamou ainda o presidente Biden a levar os EUA de volta a respeitar ‘a resolução do Conselho de Segurança da ONU declarando que os assentamentos na Cisjordânia são ilegais”.
Keller lembrou que o próprio Biden, como vice-presidente do governo Obama, havia sido “um dos principais impulsionadores dessa resolução”.
Já Netaniahu, unha e carne com Trump, agora que este caiu em desgraça, apressou-se a costear o alambrado, para afagar a presidência Biden, que já reconheceu de bate pronto. Nos EUA, os judeus norte-americanos votaram em massa contra Trump (pesquisas apontam que o voto judeu foi em 77% para Biden).
O então primeiro-ministro Yitzhak Rabin foi assassinado em praça pública, após uma manifestação, por um fanático de extrema-direita, menos de dois meses depois de assinar os Acordos de Oslo, que reconheciam o direito palestino ao próprio Estado, convivendo ao lado do Estado de Israel, em 1995. Minutos antes de ser assassinado, Rabin entora, junto com 500 mil israelenses, na mesma praça – agora Praça Rabin – “Shir LaShalom” (Música para a Paz).