Representantes de entidades e movimentos feministas de todo o país participaram na tarde desta quarta-feira (13), na Câmara dos Deputados, do “Ocupa Congresso pela Vida das Mulheres e Meninas”. O ato foi marcado pela denúncia de parlamentares e representantes das organizações do aumento da violência de gênero durante o governo Bolsonaro.

A mobilização foi uma iniciativa da Frente Parlamentar Feminista Antirracista – com a participação de mais de 50 organizações de 13 estados – da Liderança da Minoria na Câmara e apoiada por várias deputadas da Oposição, como as deputadas Alice Portugal (PCdoB-BA) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Para Alice, é preciso que o Brasil mude sua cultura e pare de criminalizar as mulheres. “O que precisamos é de punição exemplar aos estupradores. Não podemos mais permitir que a ficha de uma criança seja mostrada, que uma juíza peça a uma criança esperar mais um pouquinho, que mulheres sejam agredidas em seus ambientes de trabalho, violentadas até no parto. Não aguentamos mais um governo que odeia as mulheres. Queremos Lula de volta para que as mulheres possam defender sua própria vida”, disse.

A deputada Jandira Feghali destacou que além de leis é preciso que o governo invista em prevenção para garantir a segurança das mulheres. “Tem muitas leis que a gente produziu, mas não é suficiente fazer leis. A gente morre de fome, de porrada, de aborto clandestino, de facada, de tiro, de violência psicológica, por depressão, estupro, de muitas causas. Por isso mesmo, a gente precisa dar um basta! A opressão vem de todo jeito, e as mulheres são vítimas ‘privilegiadas’ dessas desgraceiras todas, porque tudo tem cor e gênero. E dessa forma, as mulheres negras e pobres são as principais vítimas. Não basta só ter leis, que são importantes, mas é preciso ter uma superação cultural. A gente precisa parar de achar que é só o Estado penal que resolve. A gente precisa prevenir, evitar que os corpos caiam, que as mulheres morram. A gente precisa ter governos que nos respeitem, trabalhar na escola, desde a educação infantil, trabalhar a sociedade brasileira. A gente tem que enfrentar essa opressão para salvar a vida das mulheres, porque a gente quer viver”, afirmou.

Durante o ato, as representantes dos movimentos feministas elencaram as demandas do coletivo. Entre os principais pontos estavam o combate à criminalização do aborto, o aumento da violência contra as mulheres e meninas, além de críticas à ausência de políticas públicas de educação sexual.

Foram relembrados casos recentes de violência de gênero cometidas por agentes do Estado. Em um deles, uma juíza e uma promotora de Santa Catarina tentaram impedir que uma menina de 11 anos, vítima de estupro, pudesse realizar o aborto legal previsto em lei em casos de violência sexual. Outro foi o do médico anestesista que estuprou na sala de cirurgia de um hospital uma mulher que acabara de realizar uma cesariana.

 

Da redação

 

(PL)