Mulheres cobram mais espaço e condenam machismo na política
As bancadas femininas da Câmara e do Senado celebraram o 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, com sessão solene que reafirmou a importância do protagonismo feminino na política.
Senadoras e deputadas federais também denunciaram a violência sexual no Brasil, criticaram o machismo que ainda predomina na política e condenaram as declarações do deputado estadual Arthur do Val (Podemos-SP) contra mulheres ucranianas.
A deputada federal Perpétua Almeida (AC), que representou a Bancada do PCdoB, conclamou as mulheres a seguirem em frente na luta contra todo tipo de discriminação.
“Hoje é um dia de celebração, para a gente comemorar as nossas conquistas, mas é também, acima de tudo, um dia de muitas lutas”, afirmou.
Perpétua repudiou a postura machista adotada pelo presidente Jair Bolsonaro, que tem se manifestado de forma recorrente em declarações e frases que a deputada leu na sessão. Ela também criticou as declarações de Arthur Do Val. Em áudios compartilhados em redes sociais, o deputado estadual disse que mulheres ucranianas “são fáceis porque são pobres”.
“Quero reafirmar a importância das mulheres. Nunca desistam de denunciar no dia a dia aqueles homens com os quais não dá para conviver na vida pública. Que as mulheres parem de votar também nesse tipo de gente!”, assinalou.
Para a vice-líder da Minoria e vice-presidenta do PCdoB, deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), as mulheres são a maioria dos eleitores brasileiros e, como tal, “devem estar atentas, refletindo não apenas para sua presença no protagonismo da política, mas observando em que pessoas estarão votando”.
A deputada lamentou a precarização do emprego e do trabalho das mulheres brasileiras, lembrando que a retomada dos níveis de empregabilidade deve ser uma meta este ano, “com centro na valorização das mulheres que são protagonistas da produção de riqueza no país”.
“Este é o momento da grande virada do Brasil pela democracia, pelos direitos, pelo respeito às mulheres brasileiras. Então, chamo a atenção para que, em 2022, nós possamos dar realmente uma grande virada política no Brasil pela democracia e pelas mulheres”, sublinhou.
A sessão solene foi presidida pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), líder da Bancada Feminina no Senado.
Convidadas
A ex-senadora Marina Silva participou da sessão solene e cobrou uma maior presença das mulheres na política. Também participaram a empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza; a advogada Luciana Temer, presidente do Instituto Liberta; e a médica Margareth Dalcomo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Redes sociais
Por meio de suas redes sociais, a bancada comunista na Câmara dos Deputados reafirmou os compromissos do PCdoB com os ideais de igualdade entre homens e mulheres, a defesa da vida, contra a fome e a carestia, e por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem Bolsonaro.
A deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) lembrou que o 8 de Março “é mais um dia de luta pela vida e por direitos”. “Dia de refletir sobre nosso papel na história, comemorar as conquistas e fortalecer a busca por igualdade”, escreveu no Twitter.
“Queremos salários iguais para as mesmas funções, queremos mais mulheres na política, na ciência e nos espaços de poder. Queremos o fim da violência e do feminicídio! Queremos um outro tempo, com democracia, liberdade e sem Bolsonaro, onde as mulheres tenham voz e vez!”, acrescentou.
Avanços e dificuldades
O líder do PCdoB na Casa, deputado federal Renildo Calheiros (PE), destacou que o partido tem orgulho de ser uma das bancadas mais femininas da Câmara. “Temos oito parlamentares, sendo que quatro são mulheres”, comentou em suas redes.
Ele lembrou que a população feminina do Brasil obteve grandes avanços em políticas públicas nas últimas décadas, mas ainda há grandes dificuldades a serem enfrentadas.
“O governo Bolsonaro trouxe graves retrocessos. Já a pandemia afetou muito mais as mulheres do que os homens em pelo menos quatro aspectos: desemprego, trabalho não remunerado, educação e violência de gênero, conforme a revista científica The Lancet”.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) também falou sobre as dificuldades que a população feminina enfrenta no mercado de trabalho: “As mulheres são as que mais sofrem com a inflação e o desemprego, fruto do desgoverno de Bolsonaro. Hoje é dia de ocupar as ruas em todo o Brasil e gritar em alto e bom som: Fora, Bolsonaro!”.
“É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter sonho sempre. Feliz Dia da Mulher! Que não apenas hoje, mas todos os dias, continuemos a reforçar a necessidade de equidade de direitos no nosso país, e o fim do feminicídio!”, diz uma postagem do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA).