O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo questionou o WhatsApp sobre a  nova ferramenta “Comunidades” que pode entrar em uso no início de 2023. O MPF alerta que a nova função pode ser meio de abuso de fake news em escala muito maior.

Atualmente, o número máximo é de 256 integrantes por grupo, mas o recurso “Comunidades” expandirá para 2.560 destinatários.

Essa conduta poderia ser replicada sucessivamente, criando uma escala exponencial.

No ofício enviado à plataforma, o MPF citou a recente experiência vivida nos EUA, “com a grave invasão do Capitólio” e destacou os riscos que “um aumento de viralização de conteúdos potencialmente desinformativos pode trazer para os direitos fundamentais de participação política dos cidadãos” do país, assim como para a “integridade das instituições democráticas”.

A empresa tem até 10 dias para prestar as informações.

A estreia desta nova funcionalidade permitirá que o aplicativo de mensagens passe a ter megagrupos. Autoridades brasileiras temem que esse recurso possibilite o avanço do compartilhamento de fake news.

Não é por outro motivo que Bolsonaro ficou desesperado com o adiamento para depois da eleição e disse que ia conversar com os representantes da plataforma.

Ele atacou raivosamente o acordo feito entre a plataforma e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a nova função só entrasse em operação após as eleições de outubro para evitar fraude nas eleições através de fake news.

A invasão do Capitólio, sede do Legislativo nos Estados Unidos, ocorreu em 6 de janeiro de 2021. À época, um grupo de apoiadores do ex-presidente Donald Trump atacou as instalações do Congresso dos EUA para impedir o ato formal de certificação da vitória de Joe Biden.

“(…) A nova funcionalidade agora anunciada precisa ser vista com muito cuidado, pois pode, a depender de como vier a ser implementada, representar um real retrocesso do movimento de contenção de comportamentos abusivos potencialmente ligados à desinformação, que o Whatsapp, a princípio, vinha promovendo de forma eficiente nos últimos anos”, diz o MPF.

O órgão cobra explicações sobre os impactos das “comunidades” no enfrentamento à desinformação dentro da plataforma e quais medidas planeja adotar para conter os riscos de uma flexibilização aos limites de compartilhamento de conteúdos virais no aplicativo.

A assessoria de imprensa do aplicativo afirmou que o WhatsApp não vai comentar o assunto e reiterou que a decisão de não implementar novas funcionalidades no Brasil até o final do período eleitoral já teria sido comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em janeiro.

Na última sexta-feira (15), após fazer comício em Americana, no interior de São Paulo, Jair Bolsonaro criticou decisão do WhatsApp de adiar o lançamento dos novos recursos no Brasil.

Ele admitiu que deseja ter liberdade para a disseminação de fake news no processo eleitoral, alegando ser “inadmissível e inaceitável” o adiamento da entrada em vigor da nova funcionalidade da plataforma para depois das eleições.