O Ministério Público Federal solicitou que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigue
indícios de irregularidades no edital que o Ministério da Educação (MEC) sobre Abraham
Weintraub lançou para comprar kits escolares.
A vencedora da licitação, a empresa Brink Mobil, é investigada pela Polícia Federal, por
envolvimento no esquema de corrupção que desviou mais de R$ 132 milhões dos cofres do
governo da Paraíba.
O MEC diz que pretende adquirir mais de 3 milhões de kits escolares, mas a compra é decidida
pelos gestores municipais. Abraham Weintraub divulgou pelo menos quatro vídeos nas suas
redes sociais em que recomendava aos seus seguidores a pressionar prefeitos e gestores para
a compra dos kits, que contém lápis, caneta, borracha, giz de cera, entre outros materiais
escolares. O volume da compra pode chegar a R$ 406 milhões.
Na representação encaminhada aos ministros, o subprocurador-geral Lucas Furtado alerta os
prefeitos e demais entes públicos a não destinarem recursos para essa finalidade, uma vez que
“estarão adquirindo materiais a serem fornecidos por empresas acusadas de corrupção”.
Segundo o jornal Estado de São Paulo, “mesmo tendo sido alertada de que a Brink Mobil e seu
proprietário, Valdemar Abila, são acusados de envolvimento em um esquema que desviou R$
134,2 milhões de dinheiro público da saúde e da educação na Paraíba, a diretoria do Fundo
Nacional de Desenvolvimento de Educação (FNDE) decidiu prosseguir com a contratação da
empresa”.
Após a repercussão, Abraham Weintraub disse no Twitter que “a empresa ganhou a licitação e
não estava condenada, não tenho como excluí-la (eu estaria cometendo um crime)”.
A Brink foi alvo da Polícia Federal e do Ministério Público da Paraíba no âmbito da operação
Calvário II, que prendeu o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho. Delatores contaram à
PF que Valdemar Áblia, presidente da Brink, mandava propina de Curitiba (PR) para a Paraíba
usando aviões fretados.
Na representação, o MP de contas ressalta que, além das investigações tocadas pela PF e o
MP, a empresa também foi denunciada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) por formação de cartel.
OPERAÇÃO
O dono da Brink Mobil, Valdemar Ábila, chegou a ser preso no fim do ano passado na segunda
fase da Operação Calvário, da Polícia Federal. No mesmo dia, os policiais também detiveram o
ex-governador Ricardo Coutinho. Os dois foram denunciados em dezembro pelo Ministério
Público da Paraíba, ao lado de outras 33 pessoas, que incluem agentes públicos, empresários e
operadores financeiros. Não houve condenação. A empresa do ramo educacional é acusada de
pagar propina correspondente a até 30% dos contratos que obtinha com o governo paraibano.
Esta não é a primeira vez que a empresa se envolve em suspeitas de irregularidades. O próprio
FNDE já havia contratado a Brink Mobil para fornecer material escolar para a prefeitura de
Madalena, no Ceará, em 2012. Segundo um relatório de auditoria da Controladoria-Geral da

União, de 2015, auditores do órgão visitaram as escolas do município e não encontraram
equipamentos. No relatório, o órgão de controle concluiu que “a aplicação dos recursos
federais não está adequada” e exigiram “providências de regularização por parte dos gestores
federais”.