Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

As Centrais Sindicais (CTB, CUT, CSP-Conlutas, Força Sindical, NCST, UGT e CSB) divulgaram nota rebatendo as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse em seminário no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que os sindicatos apoiaram a ditadura militar brasileira que obscureceu o país durante 21 anos.
Guedes segue a prática do Governo Bolsonaro que já havia declarado sua intenção de mudar os livros de história para que a retórica da ditadura seja a versão oficial presente nos registros históricos do período e mesmo nos livros didáticos, como bons signatários do “mandamento” nazista de que “uma mentira repetida 100 vezes torna-se verdade”.
Recentemente o próprio Bolsonaro tentou mudar a história caluniando os companheiros de Fernando Santa Cruz, estudante que lutou pela democracia durante a ditadura e, por isso, assassinado pelo regime
A prática da ditadura foi de reprimir o movimento social e sindical a todo custo. Os sindicatos, além de não conciliarem com a ditadura militar, foram importantes ferramentas de combate a esse regime e pela conquista da redemocratização.
Veja abaixo a íntegra da nota:
“Paulo Guedes não tem moral para falar do movimento sindical
O ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu transformar o movimento sindical brasileiro em alvo de suas infâmias, insultos e mentiras. Durante a abertura do seminário “Declaração de Direitos de Liberdade Econômica” promovido pelo STJ, segunda-feira (11), ele chegou ao ponto de afirmar que as organizações sindicais foram parceiras da ditadura militar brasileira.
Além de ofender a memória de trabalhadores perseguidos, presos, torturados e assassinados por aquele regime, ele mostrou, com esta declaração, que não conhece a história do Brasil. O que ocorreu foi o inverso do que sugerem as infâmias vomitadas pelo senhor Guedes. Na ditadura de 1964, os sindicatos foram vítimas de intervenções, com seus dirigentes mais combativos afastados compulsoriamente e colocados no limbo pelo regime.
Basta consultar os arquivos históricos, que ele parece desconhecer, para saber que o movimento sindical lutou contra o arrocho salarial e o alto custo de vida e por isso foi violentamente reprimido. Não foi à toa que a decadência daquele famigerado regime se refletiu nas memoráveis greves iniciadas no ABC ao final dos anos 1970 e início da década de 1980. Greves que, vale ressaltar, começaram a partir da denúncia do falseamento de índices econômicos, feito pela equipe econômica do ditador general Emílio Garrastazu Médici.
Ao contrário do que afirmou Guedes, o movimento sindical não apenas não se aliou ao regime como lutou bravamente pela redemocratização e pela Constituinte.
O senhor Paulo Guedes, que se comporta como um porta-voz do mercado financeiro, revela-se agora um eloquente mentiroso. Ele que se diz liberal, serviu ao ditador sanguinário Augusto Pinochet, no Chile, e agora serve a um governo de extrema direita, intervencionista, retrógrado, que defende a tortura e os torturadores.
Como funcionário de um governo que está levando o país ao abismo, com a volta da recessão e altos índices de desemprego, um governo que enlameou a imagem do Brasil no exterior e atenta diuturnamente contra a soberania nacional, o meio ambiente e os direitos sociais, Paulo Guedes não tem qualquer moral para falar mal do movimento sindical brasileiro.
São Paulo, 13 de agosto de 2019″.