Hamilton Mourão e Ricardo Salles durante viagem com comitiva à Amazônia | Foto: Reprodução Facebook

O vice-presidente Hamilton Mourão reconheceu o aumento do desmatamento e das queimadas em entrevista coletiva, na quinta-feira (05), mas tentou aliviar a responsabilidade do governo Bolsonaro. De acordo com Mourão, “chega um momento em que o caldo entorna, e o caldo entornou no nosso momento”.

Durante entrevista, Mourão afirmou ainda, sobre o aumento dos desmatamentos, que “os problemas não aconteceram desde 1º de janeiro”.

Conforme dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no acumulado de janeiro a outubro deste ano, o desmatamento na Amazônia Legal chegou a 7.899 km², sendo que, em outubro foi registrado um aumento de 50,6% em relação ao mesmo mês do ano passado, com o desmatamento de 836,2 km².

Desde a quarta-feira (4), o vice-presidente está em viagem pela região da Amazônia como parte de uma programação para atender organismos e governos estrangeiros que vêm pressionando o Brasil a tomar medidas em função do aumento das queimadas e do desmatamento.

Participam da comitiva os chefes de missões diplomáticas da África do Sul, Peru, Espanha, Colômbia, Canadá, Suécia, Alemanha, Reino Unido, França e Portugal, além de representantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) e da União Europeia e jornalistas estrangeiros.

A comitiva é integrada também pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, e da Defesa, Fernando Azevedo, representando o governo.

A falta de ações do governo Bolsonaro para controlar as queimadas e o avanço do desmatamento na Amazônia levou oito países a enviarem uma carta ao governo Bolsonaro, em setembro, ameaçando cortar importações de produtos brasileiros, caso o Brasil não adotasse medidas efetivas de combate à devastação da floresta.

O documento foi assinado pela Parceria das Declarações de Amsterdã, grupo formado por Alemanha (atualmente na presidência), Dinamarca, França, Itália, Holanda, Noruega e Reino Unido.

A rota escolhida pelo governo também foi alvo de duras críticas de ambientalistas por não incluir os locais onde o desmatamento e as queimadas alcançaram níveis recordes ao longo deste ano. A comitiva fez um sobrevoo na região da BR-163, no Pará, e na Região Metropolitana de Manaus (RMM), na quarta-feira (04).

“Apesar do tempo nublado foi possível avistar áreas protegidas e outras atingidas pelo garimpo ilegal e incêndios”, disse Mourão, alegando que a Amazônia é “muito grande” e que por isso seria “impossível” mostrar todas essas áreas nos três dias previstos para a realização da comitiva. As grandes monoculturas e os grandes desmatamentos para a pecuária não foram “visitados” no sobrevoo.

Ativistas divulgaram roteiro alternativo destinado aos representantes dos dez países da comitiva, passando pelo sul do Amazonas, pelo Parque Nacional (Parna) e pela Floresta Nacional Jamanxin, pela Estação Ecológica Terra do Meio (Esec) e pela TI (Terra Indígena Cachoeira Seca, no Pará, onde crescem o garimpo ilegal e o desmatamento.