Chanceler russo Sergei Lavrov em visita ao Qatar e Arábia Saudita por uma conferência de segurança

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em visita aos Emirados Árabes Unidos, propôs que para restaurar por completo o Acordo Nuclear (‘Plano Conjunto de Ação Abrangente’, JCPOA, na sigla em inglês) sejam desenvolvidos “passos sincronizados, simultâneos, estágio por estágio, que devem ser dados pelos iranianos e pelos EUA”.

Porque – observou – “se continuarmos a discutir quem deve ser o primeiro a retornar às suas obrigações, as negociações podem durar para sempre”.

Lavrov acrescentou que Moscou dá as boas-vindas à intenção de Washington de voltar ao JCPOA, o que no entanto “ainda não foi implementado porque os EUA estão descobrindo como fazê-lo”.

Lavrov também rejeitou os pedidos de uma “versão atualizada” do acordo de 2015, assinalando que a meta de restauração plena do acordo não deveria ser “sobrecarregada” com outros assuntos, como pretendido por alguns, que pressionam pela inclusão do programa de mísseis convencionais iraniano e do ‘papel regional’ do país.

Foi a retirada unilateral dos EUA do acordo em 2018 sob Trump e as sanções ilegais que decretou que causaram a crise que agora é preciso consertar. Trump tentou matar de fome o povo iraniano, proibindo até a exportação de petróleo, e decretando sanções ‘secundárias’ sobre quem ousasse fazer negócios com o Irã.

Apesar de terem se mantido formalmente no JCPOA, França, Grã Bretanha e Alemanha na prática não cumpriram os compromissos assumidos no acordo com Teerã. O que levou Teerã a aplicar medidas retaliatórias previstas pelo próprio JCPOA (artigos 26 e 36), com suspensão paulatina de cláusulas do acordo.

O presidente Biden tem falado repetidamente sobre a disposição de retornar ao acordo, mas na prática manteve a política brutal de sanções de Trump, sob a estranha alegação de que a vítima, o Irã, é que deve voltar ao cumprimento total do acordo, que foram os EUA que romperam. Biden era o vice de Obama, que negociou e assinou o acordo.

A Rússia vem trabalhando incansavelmente para a redução das tensões no Golfo Pérsico, e está propondo uma conferência de segurança com os países da região do Golfo Pérsico que, acredita, poderá se tornar uma plataforma para o renascimento do JCPOA.

“Estamos confiantes de que se a conferência de segurança na área do Golfo [Pérsico] proposta por nós for estabelecida com base nos princípios de respeito pelos interesses mútuos, com base na igualdade e na necessidade de chegar a compromissos mutuamente aceitáveis, então podemos discutir qualquer questão durante esta conferência, quaisquer preocupações que os lados tenham um com o outro”, concluiu Lavrov.

O Irã convocou na segunda-feira (8) Washington a dar meia-volta da política de ‘pressão máxima’ para “um compromisso completo, uma implementação efetiva e, em seguida, um retorno” para o acordo.

“O governo dos Estados Unidos e seu secretário de Estado estão dirigindo do lado errado da rodovia há alguns anos, pensando que quem vem da direção oposta está indo na direção errada”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh, na segunda-feira.

Ele acrescentou que, quanto mais cedo os EUA perceberem a direção certa da estrada, melhor será para a comunidade internacional e para os esforços multilaterais.