Lavrov, chanceler russo, defendeu a solução dos dois Estados como saída para o conflito

Dirigentes da Rússia, China e da ONU estão atuando pelo fim das hostilidades cujo atual foco é o ataque a Gaza e causa central é o desrespeito aos direitos dos palestinos de Jerusalém.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediram o fim da violência no Oriente Médio, durante reunião virtual na quinta-feira (13), informou o Kremlin.

“À luz da escalada do conflito entre Israel e Palestina foi constatado que a tarefa prioritária é deter a violência de ambos os lados, e garantir a segurança da população civil”, assinalou o comunicado do Serviço de Imprensa do governo russo.

“Foi expresso o apoio ao princípio de solução de Dois Estados na base de resoluções correspondentes do Conselho da Segurança da ONU e das leis internacionais”, acrescentou.

O princípio de Dois Estados é um projeto de coexistência pacífica dos Estados independentes de Israel e da Palestina, base para a solução do conflito entre os dois lados e é defendido pela Organização das Nações Unidas, o que só é possível com o fim da ocupação dos territórios palestinos, em especial do assalto a terras palestinas para a construção de assentamentos judaicos.

Falando aos estudantes da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO, em russo), o Secretário-Geral da ONU descreveu a escalada do conflito entre israelenses e palestinos como “dramática”, uma questão para cuja resolução trabalham “duramente” tanto a ONU, como a Rússia e “vários outros atores internacionais”.

Guterres, que se encontrou no dia anterior com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou-se pronto para convocar uma reunião urgente do Quarteto do Oriente Médio, formado pela Rússia, EUA, ONU, União Europeia, e entidades supranacionais que mediam o processo de paz no conflito árabe-israelense.

A China também se pronunciou, exigindo que Israel acabe com a violência no conflito com a Palestina, denunciando a morte em massa de civis e a destruição de infraestrutura em decorrência dos atuais confrontos.

De acordo com a missão do país asiático na ONU, durante uma reunião a portas fechadas, o embaixador Zhang Jun expressou preocupação com a deterioração das tensões em Jerusalém Oriental e Gaza.

Defendeu que as partes envolvidas cessassem imediatamente as hostilidades, respeitassem as resoluções da ONU e cumprissem as leis internacionais para evitar o agravamento da situação.

“O status quo histórico dos locais sagrados na cidade velha de Jerusalém deve ser mantido e respeitado. São necessários esforços para acalmar as tensões, proteger a segurança e os direitos dos civis e evitar uma crise em grande escala”, enfatizou Zhang.

Por fim, pediu ao Conselho de Segurança – do qual é o presidente rotativo – que fale a uma só voz, reafirme o compromisso com a solução dos dois Estados e contribua para a manutenção da paz mundial.

Governos árabes prostestam

O ministro das Relações Exteriores saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, fez um telefonema com seu homólogo palestino, Riyad Al-Maliki, nesta sexta-feira (14) no qual condenou as “práticas ilegais de Israel que violam todas as normas internacionais”.

A agência oficial saudita “SPA” afirmou, em comunicado, que Bin Farhan confirmou durante a convocatória “a condenação do reino às práticas ilegais levadas a cabo pelas autoridades de ocupação israelenses e a necessidade de parar imediatamente as suas ações escalatórias que violam todas as normas internacionais e convenções.”

O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita pediu “completar os esforços para encontrar uma solução justa e abrangente para a questão palestina, permitindo ao seu povo estabelecer seu estado palestino independente nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital, de acordo com as decisões de legitimidade internacional e a Iniciativa Árabe para a Paz “.

A Organização de Cooperação Islâmica realizará uma reunião de emergência no domingo para discutir a “agressão israelense” na Palestina

A Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) condenou na terça-feira (11) Israel pelo surto de violência no complexo da mesquita Al-Aqsa em Jerusalém, um dos locais mais sagrados do islã. Representantes da organização, que junta 57 membros, reuniram-se de urgência em Jiddah, na Arábia Saudita, para apresentar uma resposta unificada do mundo muçulmano às crescentes tensões entre Israel e os palestinianos e aos confrontos violentos em Jerusalém.

Num comunicado, a OCI denunciou as “contínuas violações” de Israel à santidade da mesquita Al-Aqsa, os “ataques bárbaros” contra fiéis e as restrições de movimento de palestinianos no complexo, considerando as ações israelitas uma “provocação dos sentimentos dos muçulmanos em todo o mundo e uma séria violação do direito internacional”.

A OCI apelou à comunidade internacional para responsabilizar Israel pela escalada e para pressionar o Estado hebreu para suspender os ataques que ameaçam “a segurança e a estabilidade da região”.

Reafirmou ainda a posição árabe de longa data de apoio a um Estado palestiniano independente, com Jerusalém Oriental como capital

O Egito anunciou a abertura da fronteira com Gaza em Rafah para receber feridos de Gaza.

O chefe da Liga Árabe condenou nesta terça-feira (11) os ataques aéreos israelenses mortais na Faixa de Gaza como “indiscriminados e irresponsáveis” e disse que Israel já havia provocado uma escalada anterior de violência com suas ações em Jerusalém.

“As violações israelenses em Jerusalém e a tolerância do governo com os extremistas judeus hostis aos palestinos e árabes é o que levou à ignição da situação dessa maneira perigosa”, disse o chefe da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit, em um comunicado. Os ataques em Gaza foram uma “demonstração miserável de força às custas do sangue das crianças”, disse ele.

Aboul Gheit exortou a comunidade internacional a agir imediatamente para deter a violência, dizendo que as contínuas “provocações israelenses” eram uma afronta aos muçulmanos na véspera do feriado Eid, no final do mês sagrado do Ramadã.

Os chanceleres da Liga Árabe realizaram uma reunião virtual na terça-feira (11) para discutir a situação em Jerusalém.

Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan condenou neste domingo (9) os “ataques hediondos” de Israel contra a Mesquita de Al-Aqsa, em postagem no Twitter. “Condenamos veementemente os ataques hediondos de Israel contra a Mesquita de Al-Aqsa, nossa primeira qibla [direção das orações islâmicas], lamentavelmente conduzidos durante todo Ramadã”, afirmou Erdogan.

“A Turquia continua em solidariedade com nossos irmãos e irmãs palestinos em todas as circunstâncias”, prosseguiu o presidente turco. “Jerusalém representa o mundo”, escreveu Erdogan em outra postagem. “E os muçulmanos em Jerusalém representam a humanidade”.

Erdogan reiterou que proteger a honra e dignidade da cidade sagrada é dever de toda a comunidade islâmica. “Consideramos todo e cada ataque contra lugares de culto, sobretudo Al-Aqsa, e contra os muçulmanos, como ataques contra nós”, concluiu. “É dever de todos que se autodeclaram seres humanos opôr-se aos tiranos que profanam Jerusalém, lar sagrado de três religiões”.

Solidariedade

Houve manifestações em solidariedade aos palestinos e protestos de rejeição à ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza em Nova Iorque, Londres, Roma, Barcelona e mais vinte cidades espanholas, assim como em Buenos Aires, e nas cidades alemãs de Bremen e Hanover, além das capitais árabes como Beirute e Amã. As autoridades francesas proibiram a realização de protestos em Paris.