Famílias pobres não conseguem pagar pelos funerais de seus parentes falecidos em NY

Na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, os cadáveres de mais de 650 pessoas que morreram vítimas do COVID-19 desde abril, quando a pandemia ganhava corpo, ainda estão armazenados em caminhões-frigorífico estacionados no bairro do Brooklyn.

O jornal norte-americano The Wall Street Journal denunciou essa barbaridade no domingo, 22, como um exemplo de como o governo dos Estados Unidos não faz o mínimo necessário para lidar adequadamente com o flagelo.

Segundo as informações, muitos dos cadáveres são de pessoas de famílias que não puderam pagar por um enterro adequado ou que não foram nem mesmo informadas. O jornal aponta que os investigadores forenses da cidade só tinham condições para identificar cerca de 20 corpos por dia. Como o número de mortes por Covid-19 chega a cerca 200 a cada 24 horas em Nova Iorque, alguns familiares só ficam sabendo do falecimento de seus entes queridos semanas ou até meses depois.

Antes, os corpos que não eram reclamados pelas suas famílias eram enterrados na Ilha Hart, localizada no bairro do Bronx. No entanto, o prefeito da maior cidade dos EUA, Bill de Blasio, proibiu os enterros em massa enquanto o governo pensava em um destino para os restos mortais das vítimas da Covid-19. Segundo a Associated Press, há mais de um milhão de nova-iorquinos enterrados nos campos da Hart Island.

Entre março e abril foi criado um necrotério com caminhões-frigorífico para dar vazão a todos os falecidos pelo vírus. A instalação deve continuar em funcionamento até o fim da pandemia. A cidade de Nova York chegou a aumentar a assistência funerária de US$ 900 para US$ 1700, mas ainda assim os custos são maiores do que isso, e impossíveis de pagar para muitas famílias, além de que nem todos conseguem receber o benefício. Segundo levantamento feito pela Universidade Johns Hopkins, até agora mais de 34.300 pessoas morreram na cidade.