O atropelamento fatal do torcedor Mora Herrera, do Colo Colo, ocorrido na última terça-feira por um caminhão dos Carabineros – a Polícia Militar do Chile – agravou a avalanche de manifestantes feridos, presos, ecoando a exigência da saída do diretor da “força” e o fim da política neoliberal do presidente Sebastián Piñera.

Em sintonia com 94% dos chilenos, que conforme as últimas pesquisas dizem “Não à Piñera”, a Mesa de Unidade Social reforça a pressão por justiça. Composta por mais de 100 movimentos e entidades populares, e pela Frente Ampla, de oposição, a Mesa cobra ações imediatas diante do descalabro político, econômico e social.

Em visita ao país, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) vai tendo trabalho em analisar a catarata das milhares de denúncias de abusos e violações, que incluem barbaridades como torturas, desaparecimentos, estupros e assassinatos.

Entre as mortes, explicou o presidente da Comissão Chilena de Direitos Humanos, Carlos Margotta, está a do torcedor do Colo Colo, que salta aos olhos pela covardia.

A onda de manifestações em repúdio à política neoliberal de Piñera mantém seu vigor e irradia, fortalecida pelo rechaço generalizado à repressão fascista, cada vez mais identificada com o estilo de Augusto Pinochet.

Os milhares que voltaram às ruas nesta quinta-feira (30) em memória de Mora Herrara viram a truculência dos tiros e das bombas de gás lacrimogêneo chocar-se contra faixas, bandeiras e palavras de ordem por uma sociedade mais justa e fraterna.

Pela repressão o resultado desta nova jornada foi de ao menos um morto, várias manifestantes hospitalizados com ferimentos múltiplos – dois deles em estado grave – e 124 presos, provocando como resposta saques, barricadas, ônibus incendiados e quartéis atacados. Durante a noite um jovem foi hospitalizado com um tiro na cabeça, segundo descrito, disparado desde uma delegacia de polícia. Após a agressão, um carabinero teria sido queimado no rosto por um coquetel molotov.

Os torcedores do Colo Colo convocaram os simpatizantes de todos os clubes a marcharem nesta noite contra Piñera e a violência até a Praça da Dignidade.