Senado vazio

Parlamentar, que estava internado, faleceu em decorrência da covid-19

Autoridades de diferentes Poderes da República manifestaram pesar pela morte do senador Major Olimpio (PSL-SP), 58 anos, ocorrida nesta quinta-feira (18). Olimpio teve morte cerebral após pouco mais de duas semanas lutando contra a covid-19. Ele estava internado em São Paulo. A informação foi divulgada pela família do parlamentar na conta de Twitter dele.

O assessor de imprensa do senador, Diego Freire, também está internado na UTI de um hospital em São Paulo com comprometimento grave dos pulmões, mas apresentando melhora. O funcionário se contaminou junto com Olimpio durante uma romaria de prefeitos que protestaram por recursos para emendas. Ambos participaram, duas semanas antes da internação, de um ato contra o fechamento do comércio em Bauru. Apesar disso, era um defensor ferrenho da vacinação.

Identificado com as pautas de segurança pública e conservadores, só foi eleito como Senador por ter apoiado Jair Bolsonaro no mesmo partido, o PSL, na campanha de 2018, mas rompeu com o governo e passou a ser atacado por apoiadores da família do presidente. Os suplentes que podem assumir seu mandato são o empresário Alexandre Luiz Giordano, envolvido em negociatas no Paraguai, e o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

Durante o mandato na Câmara, manteve as bandeiras pelos policiais militares gerando atritos com o PSDB e sua política critica pela corporação. Ao longo da vida, Olimpio passou por seis legendas (PP, PV, PDT, PMB, Solidariedade e PSL), sempre como oposição aos tucanos.

Repercussão

Major Olímpio era respeitado pelos adversários pela firmeza de suas posições e defesa de seus ideais conservadores, embora fosse um debatedor respeitoso e um defensor das instituições democráticas. A relação cordial com os pares sempre foi elogiada nos parlamentos.

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) expressou sua solidariedade à família, amigos e colegas de política do senador. “Sempre tive divergências políticas com o senador Major Olímpio. Nunca me furtei do debate em alto nível e sempre respeitei as posições contrárias. Desde que sua internação por Covid-19 ocorreu desejei força e sua pronta recuperação. Essa doença é injusta demais. Leva homens, mulheres, gente idosa e gente jovem. E desta vez foi o senador. Estamos numa crise sanitária terrível e há quem negue isso. Ache que tá tudo ok. Que está confortável”, afirmou. Outros deputados do PCdoB também apresentaram seus sentimentos à família, inclusive a deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP), que conviveu com ele no legislativo paulista.

 

O líder da minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), disse que o senador Major Olimpio era seu vizinho de gabinete e um homem que aprendeu a admirar “por mais que tivéssemos discordâncias políticas e ideológicas”. Ele destacou que o senador era “firme nas posições, afável no trato, inteligente no debate e sempre disposto a ouvir um argumento contrário”.

Em nota oficial, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), lamentou a notícia, que classificou como “devastadora”. Ele destacou a boa relação que tinha com o parlamentar paulista. Apesar das três mortes de colegas, o senador ignora o pedido de CPI da Pandemia, que propõe investigar as responsabilidades pelas 290 mil mortes.

“Lamento a notícia devastadora sobre o falecimento, nesta tarde (18), do senador Major Olimpio, mais uma vítima da covid-19. Conheci Olímpio na Câmara dos Deputados, quando exercemos mandatos de deputados federais na legislatura passada. Entramos juntos no Senado Federal em 2019, ele de São Paulo e eu de Minas. Brincávamos nos corredores da Casa sobre a política do café-com-leite, momento da história do nosso país vivido em nossos estados. Pensávamos diferente em diversas situações, mas gostávamos e respeitávamos um ao outro. No dia de hoje perdemos todos. Perdemos um companheiro de trabalho, perdemos um trabalhador, perdemos um amigo. Perdemos mais um brasileiro”, escreveu Pacheco.

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), lembrou em tuíte a defesa que o Major fazia da CPI da Pandemia:

 

Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, disse que ligou para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e manifestou solidariedade à Casa pela morte de Major Olimpio.

“Foi um parlamentar combativo em relação aos valores morais, institucionais do estado de direito e da legalidade democrática”, afirmou.

Embora o presidente Jair Bolsonaro não tenha dedicado uma palavra de pesar pela morte de seu apoiador de campanha, outras personalidades de seu governo se manifestaram. Foi o caso do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro da Economia, Paulo Guedes, do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e até do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República: “Em que pese termos diversas discordâncias, não torço pela morte de ninguém. Que Deus conforte a família e amigos do Senador Major Olimpio neste difícil momento.”

(por Cezar Xavier)