Carlos Terena morreu aos 66 anos vítima da Covid-19, no DF

Faleceu por complicações causadas pela Covid-19 o criador e coordenador-geral dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas, Carlos Terena, aos 66 anos no Distrito Federal. Carlos é indígena da etnia Terena e estava internado há 17 dias em um hospital de Ceilândia, mas não resistiu.

Natural de Aquidauana (MS), Carlos foi criador do Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (Conplei) e servidor aposentado da Fundação Nacional do Índio (Funai). O sepultamento dele acontece nesta segunda-feira (14), no cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

Em nota, a comissão organizadora dos Jogos lamentou a morte do indígena. “Carlos Terena será sempre lembrado por sua coragem, intrepidez, inteligência e sabedoria ancestral”, disse a entidade.

Carlos Terena considerava a realização dos jogos uma quebra de preconceitos, conforme disse em uma entrevista do Governo do Maranhão, em 2017.

A advogada Tatiana Azambuja Ujacow Martins, dirigente do Rede Sustentabilidade e amiga da liderança indígena lamentou a morte de Carlos Terena.

“Foi um grande líder, um amigo, alguém que conseguiu reunir os povos indígenas do Brasil todo e que foi reconhecido internacionalmente por trazer, através dos Jogos, essa união e mostrar esse sentimento diferente dos povos indígenas de que o importante não é competir, mas celebrar”, destacou Tatiana, que acompanhou várias edições da celebração “e senti ali o espírito de fraternidade e reafirmação da identidade dos povos indígenas”.

A advogada lembra que o sonho de Carlos Terena de realizar os Jogos Mundiais dos Povos Indígenas gerava entre seus protagonistas “uma sensação única de pertencimento, de os indígenas estarem ali com o propósito da fraternidade”.

Ela reforça o papel de liderança de Carlos Terena. “Ele será para sempre um líder. Tinha muito o espírito de realizar e ser combativo naquilo que acreditava. Mas tinha muito do amigo, conselheiro, da pessoa que conseguia, em meio a tantas etnias, ser um elo pacificador entre as pessoas”.

“Era reconhecido internacionalmente, mas também era discreto. Tinha um amor muito grande pela causa e uma força imensa. É difícil acreditar que a Covid levou mais um guerreiro na luta pelos direitos, e ele lutava muito pelos direitos dos povos indígenas pelo esporte e a cultura, que une as pessoas”.

O mais recente boletim epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) mostra que 706 indígenas morreram no país, por Covid-19. Segundo o levantamento, há 49.520 casos confirmados da doença.