Foto: Keiny Andrade/Agência Pública

A técnica em Enfermagem e líder comunitária Neide Abati, militante do PCdoB São Paulo (SP) desde 1972, morreu na manhã nesta segunda-feira (2), aos 86 anos. Ela estava internada no Hospital Beneficência Portuguesa, onde tratava de uma doença crônica e veio a falecer.

A perda de uma integrante histórica do Partido comoveu dirigentes e militantes que compartilharam de sua convivência. Em nota, o PCdoB-SP se referiu a Neide como “uma das principais referências do Partido na região do Campo Limpo, na zona sul”. Conforme o texto, a líder comunitária começou a despontar durante o regime militar (1964-1985).

“Ligada à juventude católica, Neide passou a militar na Ação Católica – depois Ação Popular (AP) –, que se incorporou ao PCdoB”, lembra a nota. “Com os comunistas na clandestinidade, ela cumpria uma série de tarefas complexas e sigilosas na resistência à ditadura: guardava e distribuía materiais do Partido; punha dirigentes em ‘pontos’ seguros; coletava remédios e roupas para enviar aos militantes que estavam na Guerrilha do Araguaia”.

O Comitê Central do PCdoB também lamentou a morte: “A Direção Nacional do PCdoB se solidariza com todos os militantes do PCdoB de São Paulo pela perda de Neide Abati. Prestamos nossas condolências à toda a família e ressaltamos a contribuição de toda uma vida à luta em defesa do nosso povo e pelo socialismo”.

Filha de um imigrante português que era simpatizante do comunismo, Neide atuou em diversas frentes: as lutas populares, a causa da educação (especialmente de jovens e adultos), a defesa do SUS (Sistema Único de Saúde), o movimento feminista e as atividades do PCdoB. Foi casada por mais de 35 anos com Abel Abati, um ex-padre missionário que também virou militante.

Irmã da ex-vereadora paulistana e ex-deputada estadual pelo PCdoB-SP Anna Martins, Neide foi uma das idealizadoras e fundadoras da União Popular de Mulheres de Campo Limpo e Adjacências. Coordenou também a Casa da Mulher do Campo Limpo, que hoje é conhecida como Centro de Defesa e Convivência da Mulher (CDCM) “Mulheres Vivas”.

“Sua trajetória de dedicação às causas populares se estendeu por quase 60 anos, tornando-se uma referência para toda a militância comunista, especialmente a da Zona Sul de São Paulo”, destacou o PCdoB. Além do marido, Neide deixa quatro filhos e quatro netas. Ela será velada e enterrada nesta terça-feira (3), no Cemitério São Paulo.

Confira abaixo a nota do PCdoB:

NOTA DE PESAR | Neide Abati, presente!

O PCdoB lamenta profundamente a perda da camarada Neide de Fátima Martins Abati, que faleceu nesta segunda-feira (2), aos 86 anos, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Militante comunista desde 1972, Neide se firmou como uma das principais referências do Partido na região do Campo Limpo, na zona sul. Era irmã de Anna Martins, que foi vereadora e deputada estadual pelo PCdoB-SP.

Filha de um casal de imigrantes portugueses, ela trabalhou na roça ainda criança. Quando seu pai morreu precocemente e deixou a esposa de 37 anos com dez filhos, Neide aprendeu serviços de costura para ajudar no sustento da casa. Na década de 1960, formou-se técnica em Enfermagem na Cruz Vermelha de São Paulo. Em seguida, virou servidora no Hospital das Clínicas. As batalhas em defesa de uma saúde pública, gratuita e de qualidade viraram uma marca em sua vida.

Ligada à juventude católica, Neide passou a militar na Ação Católica – depois Ação Popular (AP) –, que se incorporou ao PCdoB. Com os comunistas na clandestinidade, ela cumpria uma série de tarefas complexas e sigilosas na resistência à ditadura: guardava e distribuía materiais do Partido; punha dirigentes em “pontos” seguros; coletava remédios e roupas para enviar aos militantes que estavam na Guerrilha do Araguaia.

Nos anos 70, Neide participou de projetos de alfabetização na periferia paulistana e do histórico Movimento contra a Carestia. Em 1982, apoiada pelo deputado federal comunista Aurélio Peres, liderou uma massiva mobilização para garantir saneamento básico nos distritos do Campo Limpo, Capão Redondo e M’Boi Mirim.

Com a redemocratização, Neide engajou-se ainda mais nas lutas comunitárias e feministas, articulando a criação da União Popular de Mulheres de Campo Limpo e Adjacências, fundada em 1987. Ao lado de lideranças como sua própria irmã Anna Martins, ajudou a colher mais de 1 milhão de assinaturas em emendas populares para a Constituição Cidadã de 1988.

Mesmo aposentada no SUS (Sistema Único de Saúde), Neide Abati continuou a participar das lutas das comunidades, das mulheres e do PCdoB. Por muitos anos, ela foi coordenadora da Casa da Mulher do Campo Limpo, hoje chamado Centro de Defesa e Convivência da Mulher (CDCM) “Mulheres Vivas”.

Sua trajetória de dedicação às causas populares se estendeu por quase 60 anos, tornando-se uma referência para toda a militância comunista, especialmente a da Zona Sul de São Paulo. Com a pandemia, Neide foi morar em Campinas. Ela deixa quatro filhos, quatro netas e o marido, Abel Abati, também militante comunista, que foi administrador regional (subprefeito) do Campo Limpo na gestão do prefeito Mário Covas.

Seguimos firmes na Luta pela qual Neide dedicou toda sua vida.

Neide Abati, você está presente!

São Paulo, 2 de junho de 2025

Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil no estado de São Paulo

Comitê Municipal do Partido Comunista do Brasil na cidade de São Paulo