Os povos indígenas do Brasil estão de luto com a perda de uma grande liderança indígena. Rivelino Pereira de Souza, o Rivelino Macuxi, era filiado ao PCdoB e o primeiro índio a chefiar a coordenação de Políticas Esportivas Indígenas do Ministério do Esporte faleceu aos 43 anos, no domingo (20), vítima de afogamento durante uma pescaria no rio Cotingo, em Pacaraíma, Roraima.

O acidente aconteceu por volta das 11h quando foi arrastado pela correnteza. Depois de cerca de cinco horas de busca, ele foi resgatado das águas, já sem vida. A suspeita é de que tenha sofrido um infarto.

Dedicado, responsável, competente, humilde, apaixonado e orgulhoso de “ser índio”, Rivelino Macuxi nos ensinou a entender e a enxergar a cultura desse povo, sempre envolvido na luta por respeito por direitos e respeito. Morreu na comunidade indígena, no rio e com os peixes, ou seja, no lugar que amava e defendia com unhas e dentes.

Professor do ensino fundamental e estudante de Pedagogia, Rivelino Macuxi. Entre as inúmeras realizações frente a coordenação estão a realização dos Jogos Nacionais dos Povos Indígenas em Tocantins junto com o Comitê Intertribal. Também foi o idealizador do I Fórum de Políticas Públicas de Esporte e Lazer Indígena.


Natural da comunidade de Contão, na região da Raposa da Serra do Sol, no leste de Roraima, Rivelino atuou na causa indígena desde jovem. A defesa de direitos como a garantia da terra e a qualidade de vida da população indígena sempre foram suas bandeiras de luta.
Professor Rivelino morava na comunidade indígena de Sorocaíma-II, na fronteira do Brasil com a Venezuela. A localidade da região de São Marcos abriga mais de 46 povoados dos povos Macuxi, Turenpang e Wapixana.

Transformação
Rivelino começou a atuar no movimento indígena em 1997 quando lutou, até 2003, pelo resgate do principal bem de sobrevivência de seu povo: terras indígenas que foram empossadas por fazendeiros. Apesar de batalha difícil, a liderança e parentes conseguiram retirar os mais de 100 invasores. A preocupação com o alto índice de suicídios pela juventude de seu povo, originada pelo alcoolismo, uso de drogas e prostituição, o levou a tomar uma atitude.
Como educador, conheceu de perto o poder de transformação do esporte. Durante uma assembleia de professores indígenas, Rivelino Pereira criou o Festival e Jogos Indígenas do Alto São Marcos (Fjecis), que acontece todos os anos. “Queríamos mostrar para todos os irmãozinhos que existe uma saída, que há uma vida linda pela frente”, afirmava ele confiante.
Rivelino Macuxi deixa esposa, cinco filhos e uma neta.
Por Carla Belizária, para o Portal Vermelho