Ramos foi presidente do PCdoB Betim e dirigente do PCdoB-MG (Foto: Cristiano Oliveira)

Após uma longa batalha contra o câncer, Ezequiel Izodoro Ramos, histórico militante do PCdoB em Minas Gerais, faleceu às 5 horas desta quinta-feira (6), no Hospital Unimed, em Betim (MG). Conhecido como “Seu Ramos”, ele era um dos mais antigos e respeitados dirigentes comunistas no estado.

Na próxima segunda-feira (10), Ramos completaria 71 anos, dos quais mais de 40 foram ligados ao PCdoB e, especialmente, à luta dos trabalhadores. O velório será realizado à tarde, das 15 às 17 horas, no Cemitério Parque das Cachoeiras, em Betim. Atendendo a uma vontade de Ramos, seu corpo será doado à UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) para servir a estudos científicos.

“É uma grande perda para o Partido, para Minas e para a luta dos trabalhadores em todo o Brasil. Ramos dedicou a vida à causa revolucionária e agora merece descansar em paz”, declarou Wadson Ribeiro, presidente do PCdoB-MG.

Nascido em 10 de abril de 1952, Ramos era natural de Padre Fialho, distrito de Matipó (MG), mas morou por um período em Nova Iguaçu (RJ). Na década de 1970, instalou-se em definitivo em Betim, onde viria a trabalhar como motorista da Viação Santa Edwiges.

É nessa fase de ascenso das lutas sociais, trabalhistas e democráticas que Ramos se filia ao PCdoB e é eleito dirigente do Sindicato dos Rodoviários de Betim (Sinttrab). Referência sindical e partidária, Ramos apresentou o PCdoB a inúmeros trabalhadores e foi responsável pela formação de ao menos duas gerações comunistas. Vários de seus camaradas o definiam como “professor” e “mestre”.

“Ele tinha grande convicção na militância comunista e muita preocupação com a construção partidária entre os trabalhadores. Era um sentimento de classe que nos contagiava e reforçava nossa convicção na construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, afirmou Andreia Diniz, secretária de Movimento Sindical do PCdoB-MG. Segundo ela, Ramos era “um ser humano ímpar, amigo e solidário”.

A certa altura, Ramos migrou para o serviço público, tornando-se motorista da Prefeitura de Betim. Dentro do Partido, assumiu tarefas cada vez mais importantes. Foi presidente do PCdoB Betim por dez anos (1997-2007), além de dirigente estadual. Sob sua direção, o PCdoB Betim se consolidou como um dos mais importantes comitês municipais comunistas em Minas. Ele foi, ainda, assessor de mandatos parlamentares como o do ex-vereador de Betim Geraldo Pimenta e o da ex-deputada federal Jô Moraes.

“Era um camarada muito dedicado na construção partidária, zeloso com o Partido e preocupado com a formação política e ideológica de nossos quadros e militantes”, registrou, em suas redes sociais, Richard Romano, secretário de Organização do PCdoB-MG. “O Ramos lutou a vida inteira por uma sociedade mais justa e igualitária. Até durante a doença que o acometeu, defendeu que o Brasil tem potencial e precisa de um novo projeto nacional de desenvolvimento, com valorização do trabalho”, destacou Valéria Morato, presidenta da CTB Minas.  

Com o avanço irreversível do câncer, Ramos aproveitou os últimos dias de vida para se despedir dos amigos. Na semana passada, ao lado de dirigentes do PCdoB que foram de Belo Horizonte a Betim para visitá-lo, não demonstrou abatimento em momento nenhum. “Ele até nos ofereceu cachaça numa conversa com a filha, a esposa e nós”, relata Jô Moraes.

Um dos momentos da visita mostrou a dignidade, a firmeza e a serenidade de Ramos. “Nunca esquecerei suas palavras nesse nosso encontro: ‘Jô, eu fiz meu último ato revolucionário – doei meu corpo para ser estudado pela UFMG’”, conta a ex-deputada. “A alegria com que ele relatou as conversas com os profissionais envolvidos – alguns deles apoiadores do PCdoB – demonstrava a generosidade de alguém que sabia que ia partir, mas ficava presente pelos gestos. Ramos encantou.”

(Colaborou Priscilla Figueiredo)