Em entrevista à Fox News, o vice-governador do Texas e cupincha de Trump, o republicano Dan Patrick, asseverou que ele e outros avós norte-americanos estariam “dispostos a morrer” de coronavírus para “salvar a economia” para os netos.

A declaração foi feita para endossar as últimas tuitadas de Trump de que a quarentena está atrapalhando os negócios e deve ser encerrada até a Páscoa – morra quem morrer e, claro, assim que o Congresso aprove o pacote salva-bancos de US$ 2 trilhões.

Posicionamento ainda mais insano já que contraria a opinião das autoridades médicas de que é imprescindível o distanciamento social para retardar a progressão da Covid-19 e dos alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que os EUA estão prestes a se tornarem o novo epicentro da pandemia, devido à aceleração dos contágios.

O ex-radialista ultra-reacionário de 69 anos asseverou que “se for essa a troca, estou dentro” e disse que ninguém o consultou sobre a quarentena.

Uma “troca” indigesta para os milhões de idosos de baixa renda e sem plano de saúde, condenados a morrerem sozinhos de pneumonia, quando a orientação dos epidemiologistas é de “testar, testar, testar” e “confinar” para achatar a curva de contágio e evitar que o sistema hospitalar entre em colapso, como se viu na Itália e está em curso na Espanha.

De acordo com o Wall Street Journal, que não pode ser acusado de esquerdismo, os EUA estão próximos de um ponto em que algumas cidades “provavelmente não terão leitos disponíveis para os mais doentes”. “Nossos médicos estão assoberbados”, disse um executivo de um hospital, ouvido pelo WSJ. “Nossos leitos estão cheios”.

Em Nova Iorque, a atual capacidade dos hospitais terá que dobrar, para dar conta do auge da epidemia – e ainda está distante disso, faltando de máscaras cirúrgicas a respiradores.

No estado de Nova Iorque – onde já são 25 mil casos -, o governador Andrew Cuomo advertiu que o auge da Covid-19 será atingido em 14 a 15 dias. “Não estamos diminuindo a velocidade, e está acelerando por conta própria”, admitiu. Os casos dobram a cada três dias na cidade de Nova Iorque.

É nesse quadro dramático que Trump e sua corriola andam com a cínica conversa de que “a cura não pode ser pior do que a doença” – embora a Covid-19 haja sido o alfinete que estourou a ‘Bolha de Tudo’ de Wall Street em curso há uma década de estagnação nos EUA, à qual o presidente bilionário atou sua sorte desde o dia da posse.

A resposta veio na terça-feira, da parte de Cuomo: “minha mãe não é descartável. E sua mãe não é descartável. E nossos irmãos e irmãs não são descartáveis. Não vamos aceitar a premissa de que a vida humana é descartável. Não vamos colocar um valor em dólar na vida humana”.