O Monitor do PIB-FGV, índice calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) que mede o nível de atividade econômica do país, à semelhança do cálculo oficial do Produto Interno Bruto feito pelo IBGE, indicou uma retração de 9,3% em abril em relação a março e dá a medida das perdas da economia no primeiro mês completo de funcionamento da quarentena de proteção contra a Covid-19.

No trimestre móvel encerrado em abril, a retração da atividade foi de -6,1%, em comparação ao trimestre móvel que terminou em janeiro. Neste resultado a queda fica menor ao considerar fevereiro sem impacto da Covid e março impactado na segunda quinzena.

Na comparação interanual a economia retraiu 13,5% em abril e nesse cálculo, quando se compara os mesmos meses, o tamanho da queda mostra melhor sua dimensão. Os dados do Monitor do PIB-FGV foram divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na segunda-feira (22).

“O dado de abril mostra que, a retração recorde da economia, não apenas no PIB, porém disseminada em diversas atividades e componentes da demanda, é a pior da história recente.” afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV. “A indústria e o setor de serviços, que respondem por aproximadamente 95% do valor adicionado total da economia também tiveram os maiores recuos de sua série histórica iniciada em 2000, assim como o consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo”.

“Em um país que, após três anos de fraco crescimento, ainda não havia conseguido se recuperar da última recessão, finda em 2016, que causou uma retração de 8,1% no PIB ao longo de 11 trimestres, o resultado de retração de 9,3% do PIB em apenas um mês, registrado em abril não é nada animador e só evidencia os enormes desafios que serão enfrentados pela economia no decorrer de 2020”, afirma o coordenador.

A gravidade apontada pelo Monitor-FGV e vários outros indicadores reforçam o entendimento que vem se firmando, mesmo entre economistas de formação ortodoxa, da necessidade de uma forte e bem dirigida intervenção estatal, tanto na fase da quarentena, como na destinação de recursos pelo Tesouro como, por exemplo, para o Auxílio Emergencial, e mais adiante, quando a retomada do crescimento se fará imperiosa.

A nota da FGV aponta ainda que, na análise da série livre de efeitos sazonais, a indústria caiu 15,7% influenciada pelos expressivos recuos da transformação (-24,3%) e da construção (-11,7%), enquanto o recuo de 7,3% dos serviços reflete a deterioração, principalmente, das atividades de comércio (-18,3%), transporte (-15,1%) e de outros serviços (-14,0%).

Pela ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo e o consumo das famílias também apresentaram recorde de retração com recuos de 23,0% e de 7,7%, respectivamente.