Missão da Nasa coloca jipe robótico em solo marciano
Pousou em Marte o veículo robótico ‘Perseverance’ [Perseverança] da agência espacial norte-americana Nasa na quinta-feira (18) e já começou seus trabalhos enviando imagens em preto e branco da paisagem marciana.
A missão tem, entre seus objetivos, buscar indícios sobre a existência de vida em Marte em eras passadas, coletar amostras de solo e realizar pesquisas sobre a dinâmica da atmosfera do planeta vermelho.
Depois de se separar da nave, a cápsula de entrada iniciou a descida a Marte e acabou por tocar o solo, intacta, no local previsto, a cratera Jezero, às 17h57 (horário de Brasília).
A nave foi lançada em julho desde Cabo Canaveral na Flórida e percorreu cerca de 470 milhões de quilômetros em 203 dias. Outras duas sondas, uma chinesa e outra árabe/japonesa, lançadas na mesma ‘janela de proximidade’ – que se repete a cada dois anos – haviam chegado dias antes e estão em órbita de Marte.
Pesando pouco mais de uma tonelada e com dimensões próximas a de um automóvel pequeno, o Perseverence é o quinto jipe robótico enviado pelos EUA a Marte. O antecessor, Curiosity, continua operando, e o imediatamente anterior parou há apenas dois anos.
A escolha da cratera Jezero se deve a que, há 3,5 bilhões de anos, estava cheia de água e tinha seu próprio delta de rio, tornando um local propício para procurar vestígios de vida no planeta vermelho. A cratera de 45 quilômetros de largura fica na borda oeste de Isidis Planitia, uma bacia gigante de impacto ao norte do equador marciano. Com suas seis rodas, seu braço robótico e sete ferramentas de experimentação, o Perseverance irá tentar analisar a composição química e atômica do fundo do lago desaparecido, em busca de bioassinaturas do distante passado.
A manobra de pouso foi dirigida autonomamente pelos sistemas a bordo como projetado, enquanto cientistas e técnicos cruzavam os dedos no centro de controle na Califórnia.
O rover irá passar por várias semanas de testes e atualização de sistemas antes de dar início às investigações propriamente ditas. Ele foi acompanhado de um drone que ajudará nas pesquisas programadas para o Perseverence, que incluem ainda a geração de oxigênio a partir do dióxido de carbono da atual atmosfera de Marte e o estudo da dinâmica climática e da água congelada no subsolo.
Parte da exploração que será feita pelo rover da Nasa, a da coleta de 40 amostras do solo, só deverá ser concluída em 2028, data prevista para uma missão espacial europeia fazer o resgate do material obtido.
Há 3,5 bilhões de anos Marte era um planeta azul como a Terra, com a ocorrência de condições básicas para o surgimento da vida. Foi nessa época que na Terra começaram a surgir os primeiros seres vivos, micróbios que habitavam lagos, rios ou mares. Mas há milhões de anos, Marte começou a perder sua atmosfera e, rompido o equilíbrio, o planeta tornou-se o que é hoje.
Num momento de enorme divisão na sociedade norte-americana e após o choque causado pela invasão do Capitólio por extremistas que se opunham à sagração do processo democrático, o sucesso inicial da missão foi saudada pelo engenheiro-chefe Rob Manning como “um sinal de que a Nasa funciona”.