Ministro do GSI diz que falta tempo para cuidar da Amazônia e Pantanal
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, Augusto Heleno, disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro, em 1 ano e 9 meses de gestão, ainda “não teve tempo” para cuidar da Amazônia e do Pantanal.
As duas regiões sofrem com aumentos recordes nos números de queimadas desde o início do atual governo, que vem sendo marcado pela indiferença em relação às queimadas, fazendo com que o Brasil sofresse pressão internacional sobre as medidas adotadas em relação ao meio ambiente.
“Nós sabemos exatamente o que temos de fazer na Amazônia brasileira e no Pantanal, só que não houve tempo ainda de colocar em prática, de colocar gente para fazer isso”, disse Heleno, ao criticar as cobranças dos demais países para que o governo Bolsonaro cuide melhor das matas nativas brasileiras.
“Nós sabemos que muitas coisas nós podemos melhorar. Nós podemos melhorar a vigilância do desmatamento da Amazônia? Podemos, claro, devemos fazer isso. Mas é o que eu digo, o governo Jair Bolsonaro tem 1 ano e 9 meses, não há como resolver todos os problemas do Brasil”, continuou Heleno que afirmou que a gestão ambiental brasileira dos últimos 40 anos é catastrófica.
O ministro disse ainda que o fato de na Amazônia ter poucos habitantes e eleitores “durante muito tempo foi considerado não compensador tratar da Amazônia com a seriedade que merece”. Segundo ele, tudo na Amazônia é “muito caro” por causa da falta de infraestrutura da região e de meio de transporte. Apesar disso, Heleno diz que isso não significa que o governo não cuida ou cuidará do bioma.
Em mais um incentivo ao desmatamento, o ministro de Bolsonaro ainda disse que a Floresta Amazônica consegue suportar “maus tratos”. Ele criticou ainda a imprensa por divulgar os dados oficiais das queimadas na Amazônia. “Notícias ruins trazem prejuízo”, garantiu o ministro bolsonarista que disse que convidará embaixadores de países estrangeiros para sobrevoar a Amazônia para pararem de “falar bobagens”.
A destruição no Pantanal e na Amazônia provocada pelo fogo registrou recorde histórico neste mês de setembro, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), no início de outubro, o Pantanal registrou 8.106 focos de queimadas em setembro, maior número para um único mês desde que o balanço começou a ser realizado, em junho de 1998. O antigo recorde em um mês era de 5.993, em agosto de 2005. Já o pior setembro, até aqui, havia sido o de 2007 com 5.498 focos.
Em setembro, houve um aumento de 180% nos incêndios no Pantanal em relação ao mesmo mês do ano
Além do recorde mensal, os incêndios no bioma também bateram o recorde anual. De janeiro a setembro, o Pantanal sofreu com 18.259 focos. Ainda faltando 3 meses para acabar o ano, a marca já é maior que os 12.486 focos registrados em 2002 – ano do antigo recorde. Em relação ao mesmo período do ano passado, os focos cresceram 201,7%.
Os dados do Inpe confirmam que o Pantanal enfrenta os piores incêndios das últimas décadas. Segundo uma análise da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 23% do bioma, que abriga a maior população de onças-pintadas do mundo, já foi queimado.
O Inpe registrou também crescimento dos focos de incêndio na Amazônia em setembro. Foram 32.017, um aumento de 61% em comparação com o mesmo período do ano anterior (19.925). O bioma teve o segundo pior setembro de queimadas dos últimos dez anos, cujo recorde ficou com 2017, quando foram registrados 36.569 focos.