Ministro da Educação defende que “universidade deve ser para poucos”
No programa “Sem Censura” exibido pela TV Brasil na noite da última segunda-feira (9), o ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, defendeu que a universidade deveria “ser para poucos” para ser “útil à sociedade”. Ele afirmou que os institutos federais precisam formar técnicos.
“Tenho muito engenheiro ou advogado dirigindo Uber porque não consegue colocação devida. Se fosse um técnico de informática, conseguiria emprego, tem uma demanda muito grande”, disse o ministro sem considerar os efeitos da crise econômica e do desemprego no Brasil.
O programa propôs debater ações para estimular o retorno das aulas presenciais e pontos sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) –este último que, pelo segundo ano consecutivo, amarga pouca adesão de estudantes.
O ministro também se queixou sobre os posicionamentos políticos de reitores das universidades federais contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra a pasta.
“Respeitosamente, vejo que alguns deles optaram por visão de mundo à esquerda, socialistas. Eu falei para eles: se formos discutir essas questões, nunca vamos chegar a um acordo”, disse o ministro.
O posicionamento político de reitores das universidades foi alvo de ataques pelo ministro.
Ribeiro iniciou dizendo que “não é no meio da guerra que a educação pode progredir. Se a gente quiser discutir com professores a ideologia deles, cada um tem a sua, cada um caminha”.
Mas em seguida afirmou: “Vejo que alguns deles optaram por visão de mundo à esquerda, socialistas. Eu falei pra eles: se formos discutir essas questões, nunca vamos chegar a um acordo”, disse o ministro.
E então ele disse que um reitor, sob seu ministério, “não pode ser esquerdista, lulista. Eu acho que reitor tem que cuidar da educação e ponto-final, e respeitar quem pensa diferente. As universidades federais não podem se tornar comitê político de um partido A, de direita, e muito menos de esquerda.”
A nomeação de reitores de universidades no governo Bolsonaro gerou críticas da comunidade acadêmica, depois que candidatos eleitos internamente, nas instituições de ensino, não foram empossados pelo presidente, que preferiu escolher aqueles mais alinhados ideologicamente com ele, à revelia do que escolheu a comunidade de cada instituição. A insatisfação se deu porque historicamente, desde que o sistema de lista tríplice foi criado, o mais votado sempre era empossado.
O ministro também falou de temas como a política de cotas.
“Pelo menos nas federais, 50% das vagas são direcionadas para cotas. Mas os outros 50% são de alunos preparados, que não trabalham durante o dia e podem fazer cursinho. Considero justo, porque são os pais dos ‘filhinhos de papai’ que pagam impostos e sustentam a universidade pública. Não podem ser penalizados.”
Apesar de os “papais dos filhinhos” pagarem tributos, o ministro esqueceu-se que todos nós somos contribuintes. Proporcionalmente, inclusive, os pobres pagam mais impostos no Brasil e têm menos retorno do Estado (segurança, saneamento básico, educação, entre outros). Isso se verifica na menor incidência de IRPF a maiores fortunas.