Ministra alemã declara embargo do Nord Stream 2 e preço do gás dispara
Declaração da nova ministra das Relações Exteriores da Alemã, a copresidente do Partido Verde (ou ‘dos verdes’, como são denominados na Alemanha), Annalena Baerbock, declarando embargado o Nord Stream 2, fez o preço do gás disparar, superando $ 1.380 por mil metros cúbicos para janeiro, o valor mais alto desde outubro. Em uma semana, houve uma alta de 18%.
Da última vez que subiu tanto, foi o anúncio, feito pelo presidente russo Vladimir Putin, de que os contratos existentes [que são de longo prazo] seriam rigorosamente cumpridos e inclusive o fornecimento poderia ser aumentado, o que fez os preços serenarem, mas Frau Baerbock não é propriamente uma fã do gasoduto, e menos ainda dos russos.
Embora se saiba que a decisão será mesmo é do primeiro-ministro, o social-democrata Olaf Scholz. Em novembro as entregas totais da empresa russa a todos os clientes europeus foram em média 335 milhões de metros cúbicos por dia, o que em dezembro aumentou para 426 milhões de metros cúbicos (cerca de 27%).
O estopim da nova alta dos preços foi entrevista de Baerbock em que ela disse que “ancorados no acordo de coalizão de que a lei europeia de energia se aplica a projetos de energia – e isso inclui o Nord Stream 2 – isso significa que este gasoduto não pode ser aprovado como está no momento”.
O pretexto é que está faltando a licença de operação, já que a sede da Nord Stream 2 é na Suíça e terá de ter uma subsidiária na Alemanha. E a pressão continua sob a alegação de que o operador do gasoduto e o fornecedor de gás não podem ser o mesmo, a Gazprom, de acordo com a lei de energia feita de encomenda para tentar favorecer o gás importado dos EUA e mais caro.
Como Putin tinha assinalado, a Rússia não tinha nada a ver com a alta de preços, que se deveu a que, ao invés de preferir os contratos de longo prazo disponibilizados pela Gazprom, a União Europeia optou pelos contratos no mercado à vista e, quando com a retomada da economia os mercados asiáticos se dispuseram a pagar a mais pelo gás, os especuladores fizeram a festa.
O problema é que há previsão de inverno rigoroso na Alemanha e não dá para ficar dependendo da energia eólica e da solar nesse caso – ou de carimbos em cinco vias.
À RT, a ex-ministra das Relações Exteriores da Áustria – país que também participa do Nord Stream 2 -, Karin Kneissl, disse que “contratos e tratados” referentes ao projeto do Nord Stream 2 “têm que ser mantidos, têm que ser preservados”.
O irônico da situação, segundo Kneissl, é que o gás e o petróleo norte-americanos vão para a Ásia, e não chegam ao mercado europeu pelo simples fato de os clientes asiáticos pagarem mais. “Novamente, é mais um jogo político e arriscado … realmente tem a ver com as leis fundamentais da economia de mercado – oferta e demanda” , disse ela.
Falando sobre a situação energética europeia como um todo, ela disse “é uma crise totalmente caseira de má gestão do fornecimento de energia”. A energia limpa desempenha um papel importante, mas o governo deve garantir a segurança energética, disse Kneissl, observando “é para isso que pagamos impostos e contas de eletricidade”.
Ela acrescentou que se as nações ocidentais “agora começarem a impedir o consórcio de empresas de tornarem este gasoduto operacional … então isso traria problemas tremendos e teria um impacto tremendo na economia alemã em geral, porque significaria uma perda completa de credibilidade.”
Em paralelo, tais manobras para retardar a entrada em uso do Nord Stream 2 visam aumentar a pressão sobre a Rússia, que está exigindo de Kiev que passe a cumprir os protocolos de pacificação com o Donbass que assinou e, da Otan/EUA, que recuem da anexação da Ucrânia, o que implicaria em mísseis nucleares distantes de Moscou tão somente cinco minutos de vôo, o que Putin já declarou uma “linha vermelha”.
EUA/Otan até agora recusaram a proposta russa de moratória de instalação de mísseis nucleares intermediários (que eram proibidos pelo Tratado INF, do qual Trump retirou os EUA, e não vale mais) e anunciou a reinstalação, na Alemanha, do comando dos responsáveis por esses mísseis, o que havia sido desativado há duas décadas.