Luciana Santos em entrevista à Globonews sobre prioridades do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação no início do novo Governo Lula.

Em entrevista na Globonews, a futura ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, explicou os temas de sua conversa com reitores e ex-reitores de universidades federais, nesta quarta-feira (28). Ela também defendeu a necessidade do Brasil reduzir sua dependência externa de insumos farmacêuticos e passar a exportar medicamentos para o mundo.

A percepção de que a pesquisa científica no Brasil está “no fundo do poço”, conforme apontam relatórios de transição de governo, foi tratada com boas notícias no encontro que teve o simbolismo de forte participação feminina das universidades de Brasilia, Minas Gerais, São Paulo e Bahia. As reitoras apontaram a situação caótica nas universidades com a suspensão de bolsas de CNPq e o corte no custeio das instituições.

Luciana pode antecipar que o Governo Lula e seu Ministério “vão chegar chegando, com grandes possibilidades”. A redução drástica de recursos ocorrida contra o Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia (FNDCT) foi atacada pela PEC da Transição aprovada neste mês. “A PEC da transição retirou recursos do Bolsa Família do teto de gastos, abrindo uma janela no orçamento com retomada de R$ 12 bi”, justificou.

Embora estejam na alçada do Ministério da Educação (MEC), Luciana justifica que as universidades são parte de um sistema nacional de Ciência e Tecnologia, por isso a necessidade do “diálogo próximo” entre os Ministérios. Ela valorizou a cordialidade do ministro atual, Marcos Pontos, no fornecimento das informações da Pasta.

Evasão de cérebros

Questionada sobre a necessidade de enfrentar a evasão de cérebros da pesquisa nacional para o setor privado estrangeiro, ela diz que esta é uma variável estrutural do país, que precisa ser enfrentada com políticas mais arrojadas. “É preciso investimento de médio e longo prazo com políticas de estado que garantam a permanência de cientistas que dedicaram boa parte de sua vida aquela área de conhecimento”, afirmou. 

Para isso, diz ela, é preciso articular a pesquisa, a universidade e as tecnologias mais dinâmicas, como 5G e semicondutores, que perpassam várias cadeias produtivas. “Precisamos criar um ecossistema de inovação, um ambiente que estimule o produtos, serviços, insumos”, declarou.

Luciana exemplificou que o Brasil sofre um déficit de R$ 20 bi no complexo industrial de saúde, apesar do expertise que tem em fabricação de vacinas. “Não temos IFA, o insumo para produção da vacina, tendo que importar. Vamos criar um hub de produção de IFAS para exportação. Nosso desafio é diminuir a dependência do Brasil da indústria estrangeira”, explicou. 

Ela lembrou que, na pandemia, importamos respiradores e até máscaras, que são equipamentos de baixa tecnologia. Ela considera que é importante, “colocar nossa inteligência coletiva a serviço do povo”. Ela também citou o caso da dependência de importações de combustíveis refinados do petróleo, quando o Brasil já teve refinarias para isso. ”Temos condições de reduzir a dependência de derivados de petróleo remontando refinarias para diesel e gasolina, como fez o governo Lula anteriormente”.

(por Cezar Xavier)