A Polícia do Rio de Janeiro prendeu em flagrante os milicianos Alexandre da Silva dos Santos,
conhecido como Bichinho, e Thiago Montenegro da Silva. Eles foram capturados última sexta-
feira (17), quando extorquiam e recolhiam dinheiro de comerciantes de Duque de Caxias, na
Baixada Fluminense.
De acordo com o delegado Uriel Nunes, titular da 60ª DP, Alexandre e Thiago fazem parte do
grupo paramilitar que age em Saracuruna, Vila Urussaí e Jardim Primavera. O bando estava
obrigando os comerciantes dessas regiões a permanecerem com seus estabelecimentos
abertos, apesar da determinação do governo do estado para que eles fiquem fechados por
conta do Covid-19.
Os policiais chegarem até os dois milicianos através de denúncias de que eles estavam
extorquindo os comerciantes utilizando uma moto. O veículo foi interceptado no Jardim
Primavera, mas os criminosos fugiram ao avistarem os agentes.

Houve perseguição por cerca de quatro quilômetros, até que os milicianos se entregaram, em
Saracuruna. Os dois estavam com um revólver e R$ 489 em espécie, que haviam sido
recolhidos através da extorsão dos comerciantes.
DESCASO
Comerciantes de áreas da Zona Oeste e Região Metropolitana do Rio dizem que são obrigados
a trabalhar para pagar a taxa da milícia, apesar das restrições para o isolamento social como
prevenção ao coronavírus.
Sem se identificar, os moradores da região da Gardênia Azul, Rio das Pedras e Muzema
relatam como os milicianos agem na região. “Eles vão sempre à noite, um deles encapuzado,
um assim mais gordo, outro mais moreno e outro mais forte, entendeu? São três que foram lá
em casa, para pegar R$ 30”, diz um morador
Comerciantes relatam que os milicianos pedem dinheiro dizendo que é para pagar ajuda da
polícia. “Os milicianos daqui, cara, ficam oprimindo a gente, entendeu? Mandando ficar com o
bar aberto, que nós ‘tem’ que ficar pra fazer dinheiro pra pagar eles, pra eles ‘poder’ pagar os
caras da cobertura da PM”, relata outro morador.
Ainda de acordo com os relatos, os boletos com a cobrança da milícia chega nas casas no
Itanhangá e tem o nome do morador. Algumas famílias dizem que na atual situação da
pandemia da Covid-19 tem poucos recursos para sobreviver e se sentem ameaçadas.
“Por causa do vírus, a gente não pode pagar nem as contas, quanto mais eles. Outro dia, faltou
até o do pão, para tomar café de manhã, aí vão lá em casa para pegar dinheiro? Não tem
como”, desabafa morador.