Patricia Arce não renunciou ao mandato e reiterou, diante das câmeras, que daria a própria vida pelas transformações em curso no país andino

Milícias dos chamados “Comitês Cívicos” da região de Cochabamba, na Bolívia – em sintonia com o fascista Luis Fernando Camacho, de Santa Cruz -, sequestraram e espancaram a prefeita Patricia Arce, do município de Vinto, durante quatro horas na última quarta-feira até ser resgatada pela polícia.

Apesar de surrada, obrigada a caminhar por três quilômetros de pés descalços, ter os cabelos cortados e o corpo pintado de tinta vermelha pela falange “Resistência Cochala”, a prefeita, do Movimento Ao Socialismo (MAS), partido de Evo, se manteve altiva. Mesmo diante das crescentes ameaças de uma turba com paus e pedras, Patricia Arce não renunciou ao mandato e reiterou, diante das câmeras, que daria a própria vida pelas transformações em curso no país andino.

“Não tenho medo de dizer a verdade. Estou em um país livre. Não vou calar a boca e se eles querem me matar, que me matem. Por esse Processo de Mudanças darei minha vida”, enfatizou Patricia.

Açulamentos, perseguições e confrontos já provocaram ao menos três mortes e duas centenas de feridos.

Diante do acirramento dos ânimos – açulado pelos grandes meios de comunicação privados -, prontamente o governo concordou com a realização de uma auditoria por parte do Tribunal Superior Eleitoral, com acompanhamento da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Sem argumentos, uma vez que havia chegado a até mesmo queimar urnas, a oposição passou a se negar a reconhecer a auditoria, expondo o seu autoritarismo, como bem denunciaram os movimentos sociais. A manifestação de 200 mil mulheres do movimento Bartolina Siza, em Cochabamba, deu a dimensão do quanto os setores golpistas são minoritários.

Há também denúncias de ataque de motoqueiros mascarados a uma marcha pacífica de mulheres das 16 províncias de Cochabamba; o fogo colocado na sede da Prefeitura de Vinto e os criminosos abusos cometidos por falangistas contra a senhora prefeita como exemplos de que tais setores passaram completamente dos limites, “uma vergonha mundial”.