Milhares exigem nas ruas de Madri: “fora bases da OTAN”
Aos brados de “Não à OTAN” e “Fora as bases da OTAN”, milhares de pessoas repudiaram no domingo (26) nas ruas de Madri a cúpula da aliança belicista a soldo dos EUA, que será realizada a partir de quarta-feira na Espanha.
Os manifestantes marcharam ao longo do Paseo del Prado Boulevard carregando bandeiras espanholas modernas e da antiga República Espanhola, assim como estandartes de partidos progressistas – comunistas, Esquerda Unida e Unidas Podemos -, e faixas pela paz.
Delegações de outros países também se fizeram presentes: comunistas gregos, que vêm exigindo o fim das bases norte-americanas no país e têm rechaçado o envio por solo grego de armas ao conflito na Ucrânia. Também sul-coreanos, que portavam faixas com os dizeres “Dissolva a OTAN, um veículo de guerra imperialista!” e “Oponham-se à adesão da Coreia do Sul à OTAN!”
A assim chamada ‘contra-cúpula’ instou a resolver os conflitos por meios pacíficos e diplomáticos e sublinhou a necessidade de uma desescalada militar e da contenção dos gastos militares, cujo aumento corta recursos imprescindíveis à saúde, à educação, à aposentadoria e ao combate à crise ambiental.
Os participantes apontaram que a OTAN “é um obstáculo à paz”. Declaração divulgada pelos organizadores advertiu que a OTAN certificou que está se dispondo a intervir no planeta inteiro “fora dos mandatos imperativos da Carta das Nações Unidas, como fez na Iugoslávia, Afeganistão, Iraque ou Líbia”.
Historicamente, a OTAN foi constituída para “manter os americanos dentro [da Europa Ocidental]; os russos, fora; e os alemães, por baixo”, mas após o fim da União Soviética enfiou-se nas aventuras dos EUA fora da área do “Atlântico Norte”, que lhe dá o nome, como no caso da ocupação do Afeganistão.
Segundo a mídia, será uma cúpula “histórica”, que irá aprovar um “novo conceito estratégico” – o que é visto como a reiteração da interferência na região do Pacífico, tendo a China como alvo, e uma política de exacerbação das provocações contra a Rússia.
A OTAN, depois de se recusar a discutir com a Rússia a restauração na Europa do princípio da “segurança coletiva e indivisível”, o fim da “expansão a leste” e a volta às linhas de 1997, vem travando uma guerra por procuração com a Rússia na Ucrânia, estimulou Suécia e Finlândia a abandonarem a tradicional política de neutralidade e, pela primeira vez, o Japão participará como convidado.
Também há chamados a “uma OTAN global” ou a criar outras ‘OTANS’ – no “Oriente Médio” ou no “Indo-Pacífico”.
Artigos recentes de think tanks norte-americanos andaram ressuscitando ideias de jerico, como a de “descolonizar a Rússia”- isto é, desmembrar o país -; da “guerra nuclear limitada” na Europa; e que “é possível vencer uma guerra nuclear”.
Quanto mais decadente fica o “país excepcional” e seu mundo unipolar, mais agressivas são as emanações que provêm de Washington.
EDIÇÃO: Guiomar Prates