Made in USA: crianças separadas dos pais em jaulas, cobertas com mantas e no chão -foto El Dia

Cerca de 4.000 crianças latino-americanas passaram o Natal cobertas com mantas térmicas e enjauladas pelas autoridades imigratórias dos Estados Unidos, devido à política de Trump.

Outras milhares padeceram junto a suas famílias das agruras e inclemências dos campos de concentração para refugiados criados pelo presidente norte-americano na fronteira com o México.

Conforme números oficiais, o número de crianças migrantes encarceradas nos EUA superou os 70.000 em 2019, cifra recorde considerada “vergonhosa” por ativistas de direitos humanos. A situação de abandono em que se encontram tais “campos de refugiados” deixou, segundo o próprio governo, um saldo trágico de sete crianças mortas.

As condições insalubres a que estão submetidas as crianças têm sido denunciadas em inúmeras ocasiões, reportadas minuciosamente inclusive por delegações parlamentares que apontaram desde a ausência de pessoal e de atenção médica até a falta de alimentos. Mas, segundo Trump, tudo não passa de “intrigas” e “exageros”, pois estes campos são “limpos e maravilhosamente administrados”.

Mas até mesmo a Alta Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, sempre comedida frente aos atropelos estadunidenses, afirmou estar “chocada” com o fato de as crianças migrantes serem forçadas a dormir no chão.

Um processo judicial apresentado pelo Centro de Direitos Humanos e Direito Constitucional no Texas comprovou que em um ‘centro de tratamento’ em Shiloh, crianças imigrantes foram dopadas e drogadas. “Algumas crianças mantidas em Shiloh relataram ter recebido até nove pílulas diferentes pela manhã e seis à noite, incluindo drogas antipsicóticas, antidepressivos, medicação para a doença de Parkinson e medicações para convulsões. Eles foram ameaçados de permanecerem detidos se recusassem as drogas, denuncia o processo. Após serem drogadas, as crianças experimentavam efeitos colaterais que as deixavam fatigadas e incapazes de andar”, diz um relato.

Entre as inúmeras testemunhas ouvidas pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) dos EUA no Painel de uma Subcomissão de Direitos Civis e Serviços Humanos da Câmara, intitulado “Crianças em Gaiolas: Tratamento Desumano na Fronteira”, a jovem mãe Yazmin Juarez relatou que o vivido foi “como se eles tivessem arrancado um pedaço do meu coração”. Apenas algumas semanas depois de serem libertadas das instalações imundas e superlotadas, sua filha Marie morreu aos 19 meses de idade.