A ‘vovó da Kalashnikov’ é treinada por ‘instrutor’ do Batalhão Azov com sua abominável insígnia nazista das SS.

Em meio aos esforços por criar uma histeria de massa sobre a “invasão russa da Ucrânia” a mídia dos países centrais deu enorme publicidade no início da semana à cena de uma idosa ucraniana que “treina para enfrentar os invasores russos”, enquanto faziam de conta que nada haveria de especial em que tal adestramento estivesse sendo dado nada menos do que pelo “Batalhão Azov”, de notórias credenciais neonazistas.

Aliás, o Batalhão Azov – que está concentrando junto ao Donbass rebelado – usa como insígnia a ‘wolfangel’, uma runa que costumava decorar os tanques da SS Panzer-Division “Das Reich”.

Assim, no que o colunista da RT Tarik Cyril Amar chamou de “exercício de relações públicas” a serviço dos grupos neonazistas ucranianos, os meios de desinformação ocidentais não param de reprisar o treino de manejo de um fuzil Kalashnikov por Valentyna Konstantynovska, de 79 anos, exibida como legítima representante do melhor da sociedade ucraniana, e decidida a deter os russos malvados.

“Quando o Batalhão Azov, um poderoso e conhecido grupo de extrema-direita, organizou o que parece ter sido um espetáculo da mídia sob o pretexto de treinar civis em habilidades militares básicas, muitos meios de comunicação ocidentais se tornaram idiotas úteis para o neonazismo”, registrou o historiador Amar.

O próprio FBI chamou anteriormente o Azov de “unidade paramilitar associada à ideologia neonazista e símbolos nazistas”, acrescentando que seus membros estão envolvidos no treinamento e radicalização de chauvinistas brancos nos Estados Unidos

“Wolfsangel”

“Dessa forma, o programa “Eyewitness News” de Nova York na ABC7NY mostrou imagens do treinamento que mostram claramente o brasão de um instrutor com o símbolo “Wolfsangel”, uma runa germânica usada pela SS nazista e adotada também por Azov. No entanto, o programa não ofereceu nenhum comentário sobre essa imagem realmente impressionante e ofensiva”.

Em nome do combate “a Putin”, apesar de admitir saber que o Azov é neonazista, cobertura do Daily Mirror inglês repete a encenação.

Na reportagem da Sky News, a insígnia nazista também é perfeitamente visível. “Os espectadores recebem a mesma história comovente sobre uma senhora patriótica idosa com uma Kalashnikov. Mas seus instrutores são apresentados apenas como ‘forças especiais ucranianas’”.

No golpe que instalou no poder em Kiev um governo pró-Otan em 2014, e derrubou um presidente legitimamente eleito a um ano de novas eleições, os grupos neonazistas tiveram o papel de tropa de choque na Praça Maidan, como o Setor Direita, o Azov e outros bandos inspirados no colaboracionista da ocupação de Hitler na Ucrânia, Bandera, que se envolveu na matança de judeus, poloneses e soviéticos.

Foi essa escória que queimou vivos na sede de uma central sindical em Odessa no dia 2 de maio de 2014 meia centena de manifestantes contra o golpe. Também são os elementos mais agressivos da política de apartheid contra a população de ascendência russa e foram deslocadas exatamente para o leste conflitado do país.

Batalhão de neonazistas é parte da guarda nacional da ucrânia

Mas a mídia que bate palmas para os neonazistas ucranianos passa ao largo de tudo isso. O colunista observa como o Times of Israel – do qual se imaginaria ser um pouco mais abalado pelos símbolos e ideologia de Azov – faz exatamente o mesmo, mostrando a “idosa de 79 anos” que “empunha uma arma durante o treinamento básico de combate para civis, organizado pela Unidade de Forças Especiais Azov, da Guarda Nacional da Ucrânia.”

Ao que parece, quase ninguém se importa. Afinal de contas – observa Amar -, “não é difícil notar primeiro uma braçadeira que praticamente grita “Eu tenho um passado da SS” (como deveria) e depois fazer algumas pesquisas elementares sobre Azov”.

Não há – acrescenta – segredo sobre sua ideologia e política. Uma rede de busca de internet bem básica serve. Se você ligar para alguns especialistas facilmente identificáveis sobre o assunto, dentro e fora da Ucrânia, você também receberá uma bronca deles.

Então, qual é o problema aqui? “Como será que Azov conseguiu se tornar parte da Guarda Nacional da Ucrânia? Isso por si só, para qualquer jornalista que se preze, deveria soar o alarme. Tal unidade como parte das forças militares oficiais do estado e ainda preservando sua identidade de extrema-direita, como o faz, é um sinal de algo muito perturbador”, adverte o historiador.