México: Presidente defende fim da repressão a opositores na Nicarágua
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, defendeu que o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, respeite plenamente as liberdades, sem reprimir nem prender opositores. “Nada pela força, tudo pela razão e o direito. E nada de encarceramento, que seja o povo quem, livremente, decida sobre as eleições”, ressaltou.
Da mesma forma, Obrador destacou a necessidade de garantir os direitos e liberdades para impedir “a quem está acostumado a intervir em assuntos internos de outros países que tenham pretextos ou desculpas para se intrometer”. Sendo assim, frisou, “deus queira que na Nicarágua, na Colômbia e, também, no Peru se resolva tudo pela via pacífica e que se constituam governos democráticos, livres, com legalidade e legitimidade suficiente, sejam de qualquer tendência”.
Questionado sobre a série de detenções de opositores pelo governo nicaraguense a cinco meses do pleito presidencial – em que Ortega buscará novamente a reeleição -, Obrador disse que ainda que a política exterior do México proíba a intervenção em assuntos de outros países, pode “opinar de forma muito respeitosa”. “Consideramos que devem ser garantidas as liberdades e que não deve haver repressão em nenhuma parte, nem na Nicarágua nem na Colômbia e em nenhum país do mundo deve se optar pela força”, salientou.
Acusado de “incitar a ingerência estrangeira”, “pedir intervenções” e “aplaudir” sanções contra a Nicarágua, o jornalista e ex-deputado Pedro Joaquín Chamorro, filho da ex-presidente Violeta Chamorro (abril de 1990 – janeiro de 1997), foi detido na noite de sexta-feira (25) pela Polícia Nacional. Com base numa lei que o governo de Ortega aplica contra opositores, Pedro, que é irmão da candidata à presidência Cristiana Chamorro – também sob prisão domiciliar – chega a 20 o número de detidos. Entre eles, cinco candidatos à presidência e um ex-guerrilheiro, qualificados como “criminosos”.
Outro Chamorro, o jornalista Carlos Fernando, diretor da revista Confidencial, informou no dia 21 de junho que se viu obrigado a sair do país devido à perseguição política. Violeta Chamorro está acamada em casa, há dois anos.
Na avaliação da renomada poeta e romancista nicaraguense Gioconda Belli, “Ortega passou por cima de seus princípios, perdeu todos os escrúpulos e já não tem mais como conservar o poder a qualquer custo”. Destacada militante da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) de 1970 a 1994, Gioconda Belli denunciou que a Polícia invadiu recentemente a residência de seu irmão, o empresário oposicionista e ex-ministro da Educação, Humberto Belli, que precisou sair às pressas do país. “Isso foi terrível, eles ameaçaram estuprar minha sobrinha. Eles submeteram a ela e sua mãe a um estado de terror. Foi uma vingança porque meu irmão escapou”, condenou.
Diante da crescente pressão internacional para libertar as duas dezenas de presos políticos e parar com a onda de perseguições, Ortega disse que eles não são “candidatos” nem “políticos”, mas “criminosos” que atentaram “contra a segurança do país” e trataram de organizar um “golpe de Estado”. Apesar dessas acusações assacadas contra os oposicionistas, o governo Ortega não apresenta indícios nem provas.