Obrador destaca razões humanitárias à Casa Branca para cancelar pedido de extradição de Assange

A organização, composta por presidentes, ex-presidentes, referências políticas, sociais e acadêmicas de 12 países latino-americanos, difundiu uma mensagem em suas redes sociais parabenizando “a iniciativa do Governo do México e do presidente Obrador de entregar asilo político ao perseguido Julian Assange. Esperamos (que) isso se realize”.

Em dezembro, o Tribunal de Apelação de Londres – onde Assange está preso – julgou procedente um recurso da Casa Branca pela extradição do jornalista. Com o recurso, EUA pretende vê-lo julgado no país acusado de vazamentos de documentos de Washington envolvendo crimes de guerra no Iraque e Afeganistão.

“Estabelecemos nossa posição e estamos prontos para oferecer asilo a Assange no México”, disse Obrador durante encontro com a imprensa no Palácio Nacional, no início desta semana. “Acreditamos que o governo dos Estados Unidos deve agir com humanidade. Isso porque Assange está doente e seria uma demonstração de solidariedade e fraternidade permitir que ele recebesse asilo.”

Naquele país, ele enfrentaria 18 acusações e uma sentença de prisão de 175 anos pelas revelações que fez em 2010 sobre os crimes contra a humanidade cometidos por tropas dos EUA e nações aliadas durante as guerras no Afeganistão e no Iraque.

López Obrador também revelou que enviou uma carta ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017-2021) antes do término de seu mandato, solicitando que Assange fosse exonerado das acusações, mas a carta não foi respondida, disse.

O chefe de Estado mexicano ofereceu asilo a Assange pela primeira vez há um ano.

Durante a mesma coletiva de imprensa, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, informou que o governo mantém contato com os advogados de Assange que têm conhecimento da oferta de asilo, embora no momento não possam aceitá-la por motivos processuais, afirmou.

A equipe de defesa do fundador do WikiLeaks entrou com um recurso junto à Alta Corte de Londres para apelar da decisão que liberou sua extradição para os EUA, revogando sentença de instância inferior, informou sua noiva Stella Morris em 23 de dezembro.

Desde que, como editor do WikiLeaks, Assange revelou ao mundo em 2010 os arquivos do Pentágono comprovando os crimes de guerra no Iraque e no Afeganistão, incluindo o vídeo do assassinato, por um helicóptero Apache, de uma dezena de civis em Bagdá, incluindo dois jornalistas da Reuters, e um pai que levava os filhos para a escola e parou para socorrer as vítimas, o jornalista foi vítima de uma operação de ‘assassinato de reputação’ e perseguido implacavelmente. Precisou pedir asilo à Embaixada do Equador em Londres, foi arrancado de lá e levado para a assim chamada ‘Guantánamo britânica’, onde se encontra até hoje, depois de anos caracterizados por relatores de direitos da ONU como “equivalentes à tortura”.