Lozoya, ex-diretor da Pemex, de contrato em mãos, é aplaudido pelo ex-presidente Peña Nieto. Ambos se envolveram no esquema de corrupção da Odebrecht

Emilio Lozoya, ex-diretor de Petróleos Mexicanos (Pemex) entre 2012 e 2016 acusado de receber subornos da construtora Odebrecht, em documento de 63 páginas denunciou 16 políticos de terem embolsado grandes quantias em dinheiro.

Estão incluídos na denúncia três ex-presidentes (Peña Nieto, Felipe Calderón e Carlos Salinas de Gortari), dois ex-ministros, três atuais governadores, dois ex-diretores da Pemex, um ex-candidato presidencial da direita e vários senadores dos dois partidos que governaram o México nos últimos 90 anos: o Partido Revolucionário Institucional (PRI) e o conservador Ação Nacional (PAN).

Lozoya assinalou que foram distribuídas malas de dinheiro da Odebrecht para Peña Nieto e diversos deputados, com o objetivo de que promovessem a reforma energética que permitiu durante o seu governo a entrada de empresas privadas estrangeiras na exploração do petróleo mexicano.

Arrecadador da campanha do presidente Peña Nieto (2012-2018), membro do seu gabinete e presidente da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), Lozoya recebeu da Odebrecht propinas no valor de, pelo menos, US$ 10 milhões para que a construtora brasileira – vitaminada com recursos públicos do BNDES – ganhasse contratos fraudados para realizar diversas obras no país. Como retribuição ao suborno, também seriam repassados à empresa os negócios de água e eletricidade no Estado de Vera Cruz, para os quais a Odebrecht recebeu inclusive diversas concessões do governo federal mexicano.

Segundo Lozoya, todos os pagamentos foram feitos por ordem de Luis Videgaray, secretário da Fazenda e homem forte de Peña Nieto durante seus seis anos de Governo.

No documento, revelou que pediu à empreiteira seis milhões de dólares por ordem de Peña Nieto para pagar consultores eleitorais nos Estados Unidos e na Alemanha.

E os registros de corrupção não ficaram só no governo desse presidente. Lozoya também disse que durante o Governo do ex-presidente Felipe Calderón (2006-2012) “foram montados sólidos esquemas de corrupção com a Odebrecht”. Sobre Carlos Salinas de Gortari (1988-1994), divulgou que ele pressionou para conseguir contratos da Pemex para seu filho.

O vazamento da declaração fortaleceu o atual presidente, López Obrador, já que todos os seus inimigos políticos foram mencionados num único documento. Ele saudou a iniciativa de Lozoya qualificando-a como uma denúncia grave e escandalosa: “O povo se cansa de tanta roubalheira”.