Com apoio de drones, 150 policiais e agentes da ditadura boliviana têm mantido plantão na Embaixada do México em La Paz - Telesul

O governo do México denunciou nesta segunda-feira o assédio, a intimidação e a perseguição realizada por 150 policiais e agentes da ditadura boliviana a funcionários da sua Embaixada em La Paz.

A chancelaria mexicana se manifestou bastante “preocupada” pela reiterada violação da imunidade de sua representação diplomática, expressa pela “excessiva vigilância” desde que o presidente López Obrador decidiu dar asilo ao ex-presidente Evo Morales, no dia 11 de novembro.

Conforme o subsecretário do governo Obrador para América Latina e Caribe, Maximiliano Reyes, “esta é uma ação articulada contra o México”, já que existe um vínculo direto entre o brutal acosso e a decisão de capturar nove funcionários do governo Evo contra os quais existem ordens de prisão emitidas pela autoproclamada Janine Áñez.

“Estas pessoas estão atuando pior do que as piores ditaduras centro-americanas e sul-americanas dos anos sessenta e setenta”, denunciou o subsecretário mexicano, frisando que “estão atuando com muito dolo pois por um lado acusam, ameaçam e intimidam, e por outro não querem estabelecer a comunicação que a situação requer”.

Entre os principais alvos da atual ditadura boliviana encontra-se o ex-ministro de Governo, Juan Ramón Quintana, acusado de “sedição e terrorismo” por supostamente ter estimulado e financiado os protestos a favor de Evo. Foi Áñez quem disse “vamos à caça de Quintana” e baixou a ‘licença para matar’, garantindo que o Exército e a Polícia assassinassem oficialmente 34 pessoas e deixassem mais de 800 feridas.

A lista de funcionários protegidos na Embaixada mexicana está integrada ainda com Javier Zavaleta López, ex-ministro da Defesa; Héctor Arce Zaconeta, ex-procurador geral; Félix César Navarro Miranda, ex-ministro da Mineração; Wilma Alanoca, ex-ministra da Cultura; Hugo Moldiz, ex-ministro de Governo até 2015; Víctor Hugo Vásquez Mamani, ex-governador de Oruro; Pedro Damián Dorado López, ex-vice-ministro de Desenvolvimento Rural, e Nicolás Laguna, ex-diretor da Agência digital do Governo (Agetic). Da mesma forma encontram-se sob assédio ilegal, que afronta a Convenção de Genebra, quatro diplomatas mexicanos. No México também está Luis Arce Catacora, ex-ministro da Economia.

Entre outras arbitrariedades, a diplomacia mexicana denuncia que as forças de segurança bolivianas têm seguido os seus veículos, realizado revisões inusuais e questionado com insistência sobre as agendas oficiais e pessoais do pessoal da Embaixada.

O México enviou uma carta à Organização dos Estados Americanos (OEA) protestando contra o flagrante desrespeito, pois até mesmo o veículo da embaixadora foi revisado de forma ilegal, o que é totalmente proibido pelo direito internacional.

O ex-presidente Evo Morales repudiou enfaticamente o “governo de fato, que ao estilo da ditadura militar viola a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas ao cercar a residência mexicana com policiais e utilizar drones que violam seu espaço aéreo para amedrontar e pôr em risco a segurança dos asilados”.

Desde o dia 12 de dezembro Evo encontra-se na Argentina, onde está coordenando a campanha presidencial do Movimento Ao Socialismo (MAS), com eleições previstas para o início do ano, em data ainda indefinida. Nas palavras de Evo, estará empenhado “para seguir lutando pelos mais humildes e para unir a Pátria Grande”.