Alemanha e Itália querem usar a Sputnik V para acelerar o ritmo da vacinação

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou que está decidida a adquirir e utilizar a vacina russa Sputnik V contra a Covid-19. E embora tenha dito que gostaria de ver um pedido conjunto da União Europeia do imunizante russo, “se essa decisão não for tomada (…), então a Alemanha tomará seu caminho”, alertou.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, também declarou que seu país deve atuar com a vacina russa na ausência de coordenação da Comissão Europeia.

“A Alemanha poderia usar a vacina Sputnik V da Rússia enquanto se aguarda a aprovação da Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Eu concordo. Se a coordenação europeia não funcionar, temos que fazer isso sozinhos”, assinalou Draghi em entrevista coletiva, na sexta-feira (19).

“A coordenação europeia é a principal forma de busca de vacinas. Mas se não houver, todos podem agir por conta própria. Se a União Europeia continuar a trabalhar com a Sputnik V, tudo bem, caso contrário, o processo será diferente. Então, é assim que eu penso em agir nesta situação”, disse o primeiro-ministro.

Justificando a parceria com o governo italiano na busca de vacinas, Merkel explicou: “Deixando de lado todas as nossas diferenças políticas, que atualmente são importantes, podemos, no entanto, trabalhar juntos no contexto de uma pandemia, no campo humanitário”.

Não é por acaso a pressa para ter mais vacinas. O ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, sinalizou na sexta-feira (19/03) que a Alemanha não deve relaxar as restrições no esforço de conter a disseminação do coronavírus pelo menos até o feriado de Páscoa, no início de abril.

A declaração veio juntamente com um alerta do Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças do país, de que os números dos novos casos de Covid-19 na Alemanha aumentam de modo “claramente exponencial”.

E não é muito diferente na Itália, onde os casos têm aumentado em todo o país nas últimas seis semanas, ultrapassando 25 mil por dia.

Na maioria das regiões do país, “os hospitais e sobretudo as unidades de terapia intensiva já estão sobrecarregados”, alertou esta semana a entidade de saúde do país, GIMBE, segundo a agência de notícias AFP.

A vacina russa Sputnik V tem sua produção planejada na Itália a partir de julho, anunciou já em fevereiro a Câmara de Comércio Itália-Rússia.

“A vacina será produzida a partir de julho de 2021 nas fábricas [da farmacêutica ítalo-suíça] Adienne na Lombardia, na localidade de Caponago, perto de Monza [norte da Itália]”, afirmou Stefano Maggi, assessor de imprensa do presidente da Câmara de Comércio.

“Serão produzidas 10 milhões de doses entre 1º de julho 1º de fevereiro de 2022”, completou Maggi. “Este é o primeiro acordo para a produção no território da UE da vacina Sputnik”, disse.

A vacina russa Sputnik V está sob análise na EMA desde 4 de março. O órgão regulador europeu já informou que a avaliação do medicamento pode ser realizada em prazo acelerado, mas ainda não especificou nenhuma previsão.

A eficácia da vacina em estudos clínicos está entre as maiores em meio aos imunizantes já aprovados mundo afora. De acordo com o Instituto Gamaleya, responsável por seu desenvolvimento, o uso da Sputnik já foi autorizado em 51 países, que reúnem uma população somada de 1,3 bilhão de pessoas.