O presidente Putin e a chanceler Merkel confirmam que gasoduto Nord Stream2 será concluído | Foto: ICIS

Consideramos ilegais as sanções extraterritoriais, as que vão além do território dos Estados Unidos”, declarou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ao rechaçar as ameaças norte-americanas de sanções contra seu país como retaliação da construção do gasoduto Nord Stream 2 que transportará gás da Rússia à Alemanha.

Citada pela rede de TV MDR, Merkel assegurou, no dia 1º, que “o governo alemão tem a intenção de completar a construção do gasoduto Nord Stream 2 apesar da oposição dos EUA” e das ameaças de sanções proferidas no início de agosto por três senadores aliados de Donald Trump: Ted Cruz, Tom Cotton e Ron Johnson.

No dia 6 de agosto eles ameaçaram com severas sanções o porto alemão de Sassnitz, em Mecklemburgo-Pomerania Ocidental, pelo seu papel na construção do gasoduto Nord Stream 2.

A Rússia denunciou o desejo do governo Trump de “impor à Europa” o mais caro gás liquefeito dos EUA para “retardar o desenvolvimento” da economia europeia e “minar sua capacidade de competir com os EUA nos mercados mundiais”.

O projeto Nord Stream 2, em fase de conclusão, está implantando um gasoduto gêmeo de 1.200 quilômetros de extensão, que carreará até 55 bilhões de metros cúbicos de gás por ano da Rússia para a Alemanha, passando através das águas territoriais ou zonas econômicas exclusivas da Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Rússia e Suécia. Uma vez na Alemanha, o gás poderá ser utilizado por demais países europeus.

Washington adotou sanções contra o projeto em 2019, exigindo que as empresas encarregadas de colocar os gasodutos deixassem de trabalhar para a empreitada.

Tanto o presidente russo, Vladimir Putin, como Angela Merkel, porém, afirmaram que o projeto será finalizado e logo mais entrará em funcionamento.

O gasoduto representa um investimento de 12 bilhões de euros, metade financiado pela gigante estatal russa Gazprom e a outra metade por cinco empresas europeias: OMV (austríaca), Wintershall (do grupo Basf, alemã), Engie (francesa), Uniper (alemã) e Shell (anglo-holandesa).

Na quarta-feira (2) o governo alemão, através do seu porta-voz Ulrike Demmer, referiu-se também as tensões geradas nas relações com a Rússia pelo caso Navalny, para destacar que não há nada aí que modifique o rumo deste projeto em andamento e de outras empreitadas realizadas com a parceria da Rússia.

De fato, a ida do opositor Alexei Navalny – que desmaiou durante um voo no interior da Rússia – ao hospital alemão Charithé e o fato de médicos do hospital berlinense declararem que ele teria sido envenenado (o que o governo russo e médicos que lhe fizeram o primeiro socorro, na cidade russa de Omsk, e o examinaram negam peremptoriamente), gerou reações tensas da parte da chanceler alemã, que declarou que “cabe ao governo russo responder as questões” que o caso levanta.

Coube ao porta-voz deixar claro que “do ponto de vista da chanceler, seria inapropriado ligar o projeto Nord Stream 2 – que se desenvolve como parte de nossos negócios – com a situação em torno de Navalny”.

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