O governo venezuelano comunicou nesta quarta-feira a captura de mais um mercenário da “empresa de segurança” estadunidense Silvercorp USA, envolvido na frustrada tentativa de invasão do país no começo de maio por solicitação do autoproclamado presidente Juan Guaidó.

Segundo a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), “elementos da Brigada de Comandos do Mar capturaram um mercenário terrorista na zona montanhosa de Petaquirito, em La Guaira”.

Até então, mais de 30 terroristas chefiados por um ex-soldado norte-americano haviam sido presos nos dias 3 e 4 de maio em Macuto e Chuao, na costa norte do país, com a incumbência de invadir o país, sequestrar o presidente Nicolás Maduro e derrubar o governo.

Na primeira tentativa, oito dos terroristas foram mortos e dois deles – Luke Denman e Airan Berry, ex-soldados das forças especiais dos Estados Unidos que atuaram na invasão do Iraque e do Afeganistão – presos com armas de grosso calibre, coletes e sistema de comunicação.

A primeira etapa da Operação Gedeón iniciou com meses de treinamento para ex-militares venezuelanos no deserto colombiano Guajira e deveria durar 45 dias a um gasto de US$ 50 milhões.

A exibição do contrato com as assinaturas de Juan Guaidó, do seu “estrategista político” José Rendón, do deputado Sergio Vergara e do presidente da Silvercorp USA, Jordan Goudreau caiu como uma bomba no colo dos invasores.

A divulgação do documento fez Rendón, foragido da Justiça Venezuela e que vive em Miami – e Vergara renunciarem na segunda-feira (11) aos cargos que tinham no governo fictício do “presidente” Guaidó. Rendón disse ter pago do próprio bolso para a SilvercorpUSA realizar a operação. Guaidó aceitou a renúncia dos funcionários e agradeceu sua “dedicação e compromisso”.

Em vídeo, amplamente divulgado, Luke Denman assumiu que tinha a tarefa de capturar Maduro. Em outro vídeo, Jordan Goudreau, ex-integrante das Forças Especiais do Exército americano e chefe da Silvercorp USA, apareceu ao lado de um ex-militar venezuelano fardado. Na gravação, Goudreau confirmou que Denman e Berry estavam trabalhando para ele. A partir daí foi revelado que Goudreau teve reuniões com Keith Schiller, ex-guarda-costas de Trump, assinou um contrato multimilionário com a oposição venezuelana, apoiada pelos EUA, e também declarou ter entrado em contato com o escritório do vice-presidente Mike Pence.

O contrato é minucioso: além do valor a ser pago pela operação, estabelece os “alvos” a serem atingidos e até a criação de grupos armados “para conter a reação” no caso de um governo presidido por Guaidó.

Completamente descarado, o acordo abre a possibilidade para “investidores privados” com a garantia de “preferências de investimento” durante o suposto governo de Guaidó. “O Provedor de Serviços irá assegurar uma linha de crédito para investidores privados financiarem o projeto. Após a conclusão do projeto, esses investidores terão um status preferencial com o novo governo da Venezuela”, diz o documento.

O ministro de Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, confirmou que a Procuradoria Geral já iniciou uma investigação contra Juan Guaidó pela responsabilidade da frustrada tentativa de invasão ao país. De acordo com o ministro, nos próximos dias se tonará publica a quantidade de armamentos que o grupo contratado por Guaidó possuía, afirmando que todos os responsáveis serão julgados e devidamente punidos.

O ministro ainda criticou o governo colombiano pelas alegações de desconhecimento da operação, já que os grupos armados treinaram e partiram do país vizinho.

“Se não fosse trágico, seria cômico. Como é possível que todas as evidências estejam ali, nem sequer são especulações ou indícios, e não são objetos de investigação por parte do governo colombiano?”, questionou Rodríguez.