O Boletim Focus, pesquisa semanal do Banco Central junto a instituições financeiras, projeta juros maiores em 2021 e 2022. Segundo as projeções divulgadas nesta segunda-feira (26), o mercado vê a Selic (taxa básica de juros da economia, que influencia os demais juros) a 5,50% ao ano ao fim de 2021. Já para o fim de 2022 é esperado que a taxa básica de juros chegue a 6,13% ao ano.

Atualmente, a taxa Selic está em 2,75% ao ano, após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aplicar uma elevação de 0,75 ponto percentual na taxa em sua última reunião, em março. Na ata divulgada após a reunião, o colegiado prospectava novas altas para a Selic em razão da inflação.

No Boletim Focus divulgado hoje, os analistas também elevaram a previsão de inflação para 2021 em relação à expectativa da semana anterior. A projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 4,92% para 5,01%.

O procedimento do Copom de elevar os juros quando avalia que há maior risco de inflação tem relação com a demanda. Em teoria, o que eleva a inflação é mais dinheiro circulando e menos poupança, ou seja, as pessoas preferem consumir a guardar o dinheiro. Com os juros mais altos, o estímulo para poupar é maior, uma vez que melhora o rendimento da poupança e outras aplicações.

Mas, no contexto específico da pandemia, alguns economistas colocam em dúvida a solução da alta de juros. Eles argumentam que a inflação, neste momento, é causada por outros fatores que não aumento de demanda. Não há excesso de dinheiro circulando: ao contrário, a população está empobrecida. Além disso, com o país em recessão não seria o momento certo para elevar juros.