‘Já são, no mínimo, centenas as inverdades sobre o SARS-CoV-2 alardeadas no Brasil por autoridades cujo papel deveria ser resguardar e não expor a população a riscos’, disse a Associação Médica Brasileira.

A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) manifestaram-se em repúdio sobre a nova declaração de Jair Bolsonaro sobre as vacinas contra a covid-19, associando-as ao risco de pegar aids. Ele citou uma fake news distribuida por site do Reino Unido durante uma live, na quinta-feira (21), no Facebook, que tirou a live do ar em suas plataformas, além de punir o perfil por uma semana,

A nota da SBI reafirmou que “nenhuma vacina desenvolvida contra a covid-19 pode causar aids e que nenhuma vacina tem o potencial de transmitir o vírus do HIV.

Senadores que integram a CPI da Covid defenderam nesta segunda-feira (25) que a comissão envie ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de investigação sobre a declaração.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi perguntado sobre o tema durante evento em São Paulo e adotou tom crítico na resposta. “Se ele não tiver nenhuma base científica, ele justamente vai pagar sobre isso”.

Para Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), as afirmações de Bolsonaro durante a live são recrimináveis.

Íntegra da nota da AMB

“Sobre Covid-19 e a inaceitável relação com o HIV

O Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid da Associação Médica Brasileira, CEM-Covid_ AMB, repudia a divulgação de nova série de fake news que certamente pode ocasionar mortes evitáveis entre os brasileiros por acometimento da Covid-19.

Já são, no mínimo, centenas as inverdades sobre o SARS-CoV-2 alardeadas no Brasil por autoridades, cujo papel deveria ser resguardar e não expor a população a riscos.

Entre essa fake news , versões de que seria somente uma gripezinha e a defesa da eficácia do kit Covid, só destacando algumas que milhares de vidas ceifaram de nosso convívio.

Agora, foi plantada a irresponsável e mentirosa notícia de que o uso das vacinas contra o vírus estaria levando à Aids. Algo despropositado, diametralmente oposto ao comprovado cientificamente e já desmentido por respeitáveis sociedades de especialidades médicas do país.

Em consonância com a Ciência e com a prática responsável da Medicina, o CEM Covid_ AMB reafirma que imunizantes não transmitem o HIV nem provocam o desenvolvimento da doença.

Conclamamos todos os brasileiros a seguirem com as vacinas e a respeitarem o calendário vacinal, assim como a manter todas as medidas sanitárias preventivas.

Vacina, sim. Mentiras, não.

São Paulo, 25 de outubro de 2021″

Nota da Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) contra a fake news que associa vacinação contra COVID-19 e HIV

A Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI), entidade que congrega os principais imunologistas brasileiros e afiliada à International Union of Immunological Societies (IUIS), baseada em evidências científicas, esclarece que nenhuma vacina desenvolvida contra a COVID-19 pode causar AIDS e que também nenhuma vacina tem o potencial de transmitir o vírus do HIV.

A SBI ressalta ainda que as vacinas para COVID-19 protegem contra a gravidade da doença, inclusive pacientes imunossuprimidos e portadores de HIV.

Reforçamos que a vacinação é a forma mais segura e eficaz de prevenir doenças e salvar vidas. Vacinar é agir em prol do coletivo, é um compromisso com toda a sociedade.

25 de outubro de 2021

Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI)

(por Cezar Xavier)