Equipes de atenção básica em vários estados e municípios relatam que o índice de
subnotificações ao Ministério da Saúde de casos suspeitos de corinavírus cresceu de forma
assustadora.
A falta de kits para testes de Covid-19 e a falta de uma portaria específica do Ministério da
Saúde que determine quais casos devem ser considerados confirmados ou suspeitos faz com
que as estatísticas não reflitam a realidade.
A denúncia é da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), em
reportagem do jornal Folha de São Paulo. A SBMFC representa 6 mil médicos que atuam em
47,7 mil equipes de atenção básica em todo o país.
“O resultado é que estamos no escuro em relação ao que realmente notificar e sobre o
número real de casos”, diz Denize Ornellas, diretora de Comunicação da SBMFC.
Nesse quadro, em que o avanço da epidemia pode ser muito maior do que se tem registro, em
muitos hospitais do país deve ocorrer, em poucas semanas, a falta de vagas em Unidades de
Tratamento Intensivo (UTIs), segundo fontes ouvidas pela reportagem da Folha.
Os relatos dão conta que em alguns estados e municípios, chega-se a 1 caso informado para
cada 30 ou mais em que pacientes podem estar com coronavírus sem que as ocorrências
sejam notificadas ao ministério.
A subnotificação cria uma confusão, com médicos tendo que se guiarem por notas técnicas da
vigilância epidemiológica de seus municípios ou estados, que diferem umas das outras,
fazendo com que não haja dados nacionais homogêneos de contaminados pela Covid-19.