Márcia: Fim do Bolsa Família gera incerteza, mas tende a unir o país
A Medida Provisória 1061, que vai implementar o programa Auxílio Brasil, revoga em novembro a lei que criou o Bolsa Família há 18 anos. De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Bolsa Família foi responsável pela redução de 25% da extrema pobreza e 15% da pobreza. O Ipea também constatou que o programa responde por 10% da redução da desigualdade. As conclusões são resultado de um balanço dos 15 anos de existência da política.
Sexta-feira (29) passada, foi o último dia que famílias receberam o pagamento pelo programa. De acordo com dados do governo federal, o Bolsa Família chegou a julho deste ano, atendendo 14,283 milhões de famílias – que agora vivem um cenário de incerteza.
“Já somos no Brasil quase 40 milhões de desempregados e desalentados. Somos 118 milhões de pessoas na pobreza, mais da metade do povo brasileiro. Passando fome absoluta, chegamos a 19 milhões. É mais uma ação genocida desse desgoverno fascista”, afirmou ao Portal PCdoB, a secretária adjunta nacional da Mulher do Partido, Márcia Campos.
Para ela, a extinção do Bolsa Família é mais uma decisão catastrófica do governo Bolsonaro que sobrecarrega a população mais vulnerável do Brasil, principalmente as mulheres.
Segundo Márcia, Bolsonaro tem ódio da população brasileira e em especial das mulheres brasileiras, que são mais da metade do eleitorado e da população. “Somos a maior parte da população que rejeitou esse presidente e a cada ação de violência contra o povo, aumenta essa rejeição”, avalia.
“As mulheres perderam 9 milhões de postos de trabalho durante a pandemia. 45% das famílias brasileiras são chefiadas por mães chefes de família: mulheres que criam sozinhas seus filhos que estão perdendo emprego e renda, dia após dia nessa pandemia. As mulheres são 80% dos profissionais de saúde que cuidam dos doentes de Covid-19 nos hospitais e ainda cuidam de suas famílias, com um salário miserável”, acrescentou.
Nesse cenário desesperador, aponta Márcia, as famílias buscam todas as maneiras possíveis para alimentar os filhos. “Algumas dessas famílias estão fazendo filas para ganhar osso para comer. Outras revirando lixo e caminhão de lixo, pegando o que dá para pegar. É uma situação desesperadora a da população vulnerável de nosso país”, afirmou.
Rede de solidariedade
Márcia Campos defendeu que neste momento uma rede de solidariedade envolvendo toda a sociedade é fundamental. “Conquistar apoio do empresariado nacional, dos governos democráticos, para distribuir gratuitamente cesta básica para quem precisa. Exigir tabelamento dos preços dos alimentos da cesta básica, do gás, da luz, aos valores praticados em janeiro de 2020, quando começou a pandemia e congelar esses valores até o fim da pandemia”. Conseguir a doação de alimentos próximos do vencimento é outra medida citada por Márcia.
Para Márcia, o cenário de tragédia e incerteza começa a unir a sociedade e fortalecer a luta pelo Fora Bolsonaro. “É fundamental a ação de todos os brasileiros democratas nesse momento tão difícil de nosso país. São 607 mil mortos e quase 22 milhões de infectados com o coronavírus. Somos 2,3% da população mundial e 14,3% dos mortos. O segundo país do mundo em número de mortos. Nossa luta precisa se intensificar e à medida que a Frente Ampla se conforma, aumenta o nosso potencial de unir a sociedade, isolar o genocida e tirá-lo do poder”, argumentou.
Na opinião da dirigente, à medida que a frente ampla cresce aumentam nossas possibilidades de conquistar direitos como a licença maternidade com duração de um ano. “Auxílio para a pequena, micro e média empresa, para que elas não quebrem e possam manter seus empregados. Auxílio para estados e municípios investirem na sociedade e apoiar todos que estão em situação de enorme penúria”, enumerou.
“Precisamos de auxílio emergencial de no mínimo 600 reais e 1.200 reais para as mães chefes de família. Para os trabalhadores que ainda tem emprego, termos salários decentes, não arrochados como estão e salário igual para as mulheres pelo mesmo trabalho realizado pelos homens. Creches e escolas em horário integral para os pais trabalharem”, afirmou.
Márcia também considera fundamental eleger mais mulheres. ” Para com mais mulheres na política, praticarmos ações que emancipem nosso povo, as mulheres brasileiras. Reservar cota de cadeiras para as mulheres nos parlamento, combatendo a sub-representação”, defendeu.
A dirigente disse também que é preciso acompanhar os desdobramentos das punições apresentadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. “Punindo exemplarmente o presidente e todos os que fizeram coro com ele, praticando um verdadeiro crime contra a humanidade”, completou Márcia.
Por Railídia Carvalho