Marcha em Porto Alegre abre fóruns sociais e rechaça governo Bolsonaro
A luta por outro mundo possível voltou a ocupar as ruas de Porto Alegre nesta terça-feira (26), com a marcha de abertura do Fórum Social das Resistências e do Fórum Social Mundial Justiça e Democracia. Centenas de pessoas participaram da caminhada, que partiu do Largo Glênio Peres e tomou algumas das principais ruas do centro da capital gaúcha. Os eventos, que acontecem até o dia 30, são preparatórios do Fórum Social Mundial, a ser realizado de 1º a 6 de maio, no México.
Militantes de partidos, centrais sindicais e dos mais variados movimentos sociais entoaram palavras de ordem contra Bolsonaro e defenderam a democracia e os direitos do povo. O desemprego, a miséria e a carestia; o descaso no combate à Covid-19; o estímulo à violência, ao machismo, ao racismo e à LGBTfobia; os ataques aos povos indígenas; o desmonte das políticas e dos serviços públicos e a destruição ambiental foram alguns dos pontos destacados como marcas do atual governo que precisam ser combatidos com urgência.
A marcha procurou alertar a população para a grave situação do país e para a necessidade de mobilização contra o atual governo e em defesa de outro projeto de nação que precisa emergir das urnas em outubro.
“A marcha de abertura foi um evento extremamente significativo, representativo, com muita gente na rua, com diversos setores da sociedade unidos para seguir resistindo, lutando e fazendo o enfrentamento ao nosso inimigo de classe. É fora Bolsonaro e que floresça a esperança!”, disse Silvana Conti, vice-presidenta da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e uma das articuladoras dos fóruns.
Luta contra a extrema-direita
Foto: Priscila Lobregatte
Silvana Conti salienta que os fóruns são especialmente importantes em momentos como este em que se faz necessário mobilizar o maior número possível de movimentos e engajar a população para mudar os rumos do país. “O objetivo principal é criar pontos de consenso, prioridades coletivas e a construção de uma agenda comum de lutas para o próximo período. São espaços fundamentais de articulação, divulgação e ampliação de todas as formas de resistência criadas pelos movimentos culturais, ambientais, políticos e sociais no Brasil e na América Latina. Nessa quadra política em que vivemos, estes espaços se tornam indispensáveis”.
Mauri Cruz, um dos organizadores dos fóruns e membro da diretoria-executiva da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), salientou que “desde 2001, quando aconteceu a primeira edição do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, há um reconhecimento de que a humanidade vive uma crise civilizatória por causa do modelo capitalista que transforma tudo em mercadoria e que coloca o lucro acima das pessoas, da natureza e do bem comum”.
E o Fórum Social Mundial, lembrou, “nasceu justamente propondo outro mundo possível, o mundo da igualdade, da justiça, da fraternidade, do amor, onde os seres humanos vivam em harmonia e construam uma relação sustentável com a natureza”.
Nesse sentido, Mauri avalia como características centrais dos fóruns o fato de serem eventos que possibilitam rearticular as redes, entidades e movimentos sociais “que lutam contra o capitalismo, contra essa sociedade focada no lucro e que gera morte, crise ambiental e desigualdade”. Além disso, “esses movimentos sociais reunidos no fórum podem e estão trabalhando no sentido de construir alternativas”.
Segundo ele, “há uma consciência muito forte nos movimentos sociais de que a saída não será a partir de cima, mas construída a partir de baixo, da organização, da prática, dos saberes dos movimentos sociais, das organizações sociais. O Fórum Social é um espaço para que estes saberes, esta capacidade, esse conhecimento, essa tecnologia social sejam colocados a serviço de uma transição pós-capitalista. Por isso, o evento tem essa grandiosidade, de resistir e construir um outro mundo possível”.
O passo seguinte é levar o resultado dos debates realizados nesses dois fóruns para o Fórum Social Mundial, no México. “Nossa expectativa é que possamos sair de lá com uma mobilização forte para que a gente possa lutar pela paz, contra o imperialismo, em defesa do meio ambiente, contra as desigualdades e criar um movimento global em prol da qualidade de vida, da justiça e da igualdade”.
O Fórum Social das Resistências e o Fórum Social Mundial Justiça e Democracia continuam nesta quarta-feira (27), com uma série de debates e atividades.
Por Priscila Lobregatte