A pré-candidata do PCdoB à presidência da República, Manuela D’Ávila reafirmou nesta segunda-feira (23) durante agenda da pré-campanha em Aracaju (SE) que o debate em torno da luta das mulheres, juventude, população negra e trabalhadores são pilares do Projeto Nacional de Desenvolvimento defendido pelo PCdoB. Diante de lideranças populares, dirigentes sindicais e representantes de movimentos sociais, Manuela lembrou que “organizados temos mais força”.

“Não podemos abandonar a esperança no nosso país. Não podemos entregar o Brasil para aqueles que odeiam o país e que odeiam o nosso povo”, declarou a pré-candidata.

Manuela recebeu do dirigente Diego Araújo, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado de Sergipe (Sintrase) uma carta aberta reivindicando uma atenção da pré-candidata aos trabalhadores do serviço público. Assim como acontece em nível federal, esse segmento tem sido atingido pelo desmonte das políticas públicas no Estado.

Desafios para o Brasil

Segundo Manuela, pensar em um projeto para o Brasil passa, “necessariamente”, pelas discussões trazidas por essas entidades. “Representam um conjunto de desafios que o Brasil tem pela frente. Não todos mas a maior parte deles”.

“Que Brasil é esse que nós queremos senão um Brasil em que as mulheres ocupem o lugar que já ocupam na sociedade? Porque nós já somos as que mais responsabilidades assumimos na sociedade. Um Brasil em que a juventude seja vista como protagonista da construção do futuro e não como um problema para o país e para o seu desenvolvimento. Um lugar onde o trabalho seja valorizado”, completou.

Retomada do crescimento, desenvolvimento e justiça social

Manuela voltou a defender que a saída para a crise brasileira deve se pautar por um projeto nacional de desenvolvimento em que a retomada da economia esteja ligada ao combate à desigualdade social. Ela esclareceu o projeto do PCdoB: “O que chamamos de Projeto Nacional de Desenvolvimento é a ideia de que o país precisa ser livre para construir o seu destino e não mandado pelos outros. E esse destino não precisa ser o da desigualdade”, defendeu.

“É isso que a nossa candidatura pretende fazer nesse processo eleitoral: Dizer que é possível sair da crise, virar o carro para o outro lado. Precisamos de mais Estado e não menos Estado. Retomar a economia combatendo a desigualdade. Porque no Brasil a desigualdade tem cara e cor porque são as mulheres e os negros e negras que mais sofrem com as crises. Não há como pensar a retomada da economia e o combate à desigualdade sem colocar no centro do debate a luta das mulheres e a luta dos negros e negras”, completou Manuela.

Reconstruir o país para todos os brasileiros

Na opinião de Manuela as eleições de outubro são uma oportunidade para reconstruir o Brasil. Ela lembrou que o projeto iniciado na primeira eleição do ex-presidente Lula trazia a crença de que o Brasil podia ser um grande país. “E nessa eleição essa proposta de Brasil será colocado à prova mais uma vez em um outro tempo. Quem tem 20 anos nem se lembra do Brasil antes do Lula ser presidente mas é um desafio parecido com o que temos hoje, de dizer que nós, o povo desse país, as mulheres e os homens, podemos construir diante da crise uma alternativa que seja para a maior parte do Brasil e não para 1%”.

Manuela citou o projeto de governo do ex-presidente Lula, quando o Estado brasileiro também passou a investir no norte e nordeste, regiões sempre preteridas na distribuição dos recursos públicos. “Se o nordeste brasileiro, se Sergipe viram e viveram nos últimos 12 anos um período de mais prosperidade por conta dos investimentos públicos que foram feitos é porque no centro do projeto conduzido pelo ex-presdiente Lula estavam duas questões: O combate à desigualdade regional e reconhecer que o Estado brasileiro investiu séculos, anos, nas mesmas regiões”.

Alckmin, Temer, Bolsonaro e Meirelles: Projeto antipovo

“Tentar colocar na cabeça do povo a ideia de que o nordeste é pobre é tirar do povo organizado a possibilidade de fazer com que esse povo encontre seu destino de Estado e de região rica. A gente não pode incorporar essas ideias”, ressaltou Manuela.

Ela lembrou que enquanto “a gente bate no Temer, o resto passa de lombo liso”. “Tá na hora da gente começar a falar que tem um monte de gente igual ao Temer. O projeto do Temer é o projeto do Alckmin, é o projeto do Bolsonaro, do Henrique Meireles. É o projeto que faz o Brasil ficar ajoelhado diante dos outros países. Que faz o brasil ser coadjuvante da sua história. É assim que a gente quer construir o nosso futuro? Ou é tomando o destino nas nossas mãos para realizarmos?”, questionou.

Investimento público não é gasto

Para Manuela, o golpe de 2016 continua em curso e se expressa nas medidas que retiram direitos do povo, dos trabalhadores, das mulheres. “Essa eleição tem muitas disputas reunidas ao mesmo tempo. Nós viemos de um golpe. As vezes a gente fala do golpe no passado como se tivesse acontecido só com o impeachment sem crime de responsabilidade da Dilma (presidente eleita Dilma Rousseff). O golpe é um processo e esse processo sem ter sido submetido às eleições coloca no centro da saída política para a crise medidas antipovo”.

“Nós precisamos que o Estado seja o grande maestro dessa retomada do crescimento econômico. Mais do que isso, nós precisamos que o crescimento da economia e que os gastos e os investimentos públicos sejam retomados no Brasil porque ao contrário do que dizem os economistas de direita investimento público não é gasto”, defendeu Manuela.

Ela exemplificou que o investimento público aquece a economia. “A diferença principal é que quando a gente gasta o nosso dinheiro ele não volta mais, porém quando o governo gasta o dinheiro, esse dinheiro volta para o governo. Quando alguém com a verba do bolsa família compra um quilo de feijão alguém que vende o feijão paga imposto, quando a mulher compra o material escolar é recolhido o imposto. Quando investe o dinheiro público a economia gira, gera emprego, daí vem a retomada da economia e não como eles fazem congelando os investimentos públicos por 20 anos”.

“Organizados temos mais força”

Oriunda do movimento social, Manuela afirmou o papel estratégico dos movimentos na atual conjuntura. “Nós que fizemos, como eu ou vocês, que fazem o movimento social, nós fizemos o caminho de acreditar que quando nos organizamos nós temos mais força para levar as nossas ideias adiante”.

“Por que ao fim e ao cabo a gente quer ter força para questionar essa ideia de que só existe uma saída para a crise e que essa saída para crise não leva em conta a existência de homens e mulheres, não leva em conta a existência do ser humano e que trata todos os brasileiros e brasileiras como se fôssemos uma linha na planilha do Excel”.

Agenda em Sergipe

Mais cedo, a pré-candidata do PCdoB participou de uma coletiva de imprensa ao lado do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira. Em agenda pela cidade, Manuela visitou obras da administração municipal. Á noite a pré-candidata comunista participou de ato com a militância sergipana, na Assembleia Legislativa.