Manuela d’Ávila (PCdoB), participou na manhã desta terça-feira (2), do debate entre as candidatas à vice-presidentes da República, promovido pelo UOL em parceria com a Folha de S.Paulo e o SBT.

O debate contou com a presença das senadoras Ana Amélia (PP) e Kátia Abreu (PDT), vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Eduardo Jorge (PV), vice na chapa de Marina Silva (Rede) e o general Hamilton Mourão (PRTB), vice de Jair Bolsonaro (PSL), optaram por não participar.

Durante o debate, Manuela falou da importância das manifestações do movimento #EleNão, contra a candidatura machista, fascista e misógina de Bolsonaro, que ocupou as ruas do Brasil inteiro no último sábado (29).

“Vivemos um dia belíssimo. Eu que há quatorze anos tenho mandatos parlamentares e atuo há muito tempo nos temas relacionados as mulheres e a juventude, fiquei muito impressionada ao ver as ruas das cidades tomadas por mulheres com suas famílias. Muitas mulheres com os seus filhos e maridos dizendo que acredita que o Brasil pode se desenvolver com democracia e #EleNão”, disse.

Para a candidata, as ruas mostraram que há possibilidade de construção de uma saída democrática para o Brasil.

“O que estamos vendo é que teremos um segundo turno com muita competição e creio que a disputa, primeiro que se dará é essa, se tomaremos um rumo democrático ou não. E a segunda, é de um projeto de país. Se nós assumiremos uma ideia de desenvolvimento com justiça social ou uma ideia de desenvolvimento que trata homens e mulheres, negros e brancos, diferentes, que é a ideia do Bolsonaro. Eu acredito que o povo brasileiro vai escolher o caminho da democracia, dos direitos sociais e da igualdade. E as mulheres terão um papel imprescindível nesta vitória”.

“Um dos debates do #EleNão é aceitar ganhar ou perder. Porque o debate também é sobre aqueles que aceitam as regras democráticas e sobre o candidato que disse que não reconhecerá o resultado das eleições. Para nós, a defesa do #EleNão é a defesa dos direitos dos trabalhadores, Bolsonaro é contra o 13º, é a defesa das mulheres e a convicção de que as mulheres que criam os seus filhos sozinhas não criam desajustados, mas é também a convicção de que a democracia é parte estruturante para a saída da crise que vive o Brasil. Dia 29 foi uma luta das mulheres foi em defesa de um Brasil democrático e com igualdade”.

“O Brasil não pode ser presidido por alguém que ache que uma de nós podem ser estupradas e as outras não. O Brasil não pode ser presidido por alguém que ache que mulheres tem que ganhar menos que homem. O Brasil não pode ser presidido por alguém que acha que a nossa vida e a nossa dignidade não interessam. A gente precisa de alguém que simbolicamente mostre para as nossas crianças que mulher tem dignidade. Nós mulheres exigiremos isso e faremos valer isso nas urnas. Nós não podemos ter alguém que represente o ódio a nós mulheres”.

Para Manuela, Haddad é o homem certo para governar o Brasil nesse momento. “Representamos a retomada dos investimentos públicos em educação, saúde, mas além disso, o Haddad, na minha interpretação, tem a tranquilidade e a capacidade de lidar com a divergência. O Brasil vive duas crises muito grandes: política e econômica. Como enfrentamos isso com truculência? Com ódio? Dizendo que mulheres e homens devem ser tratados diferentes? Não dá. É preciso alguém com projeto firme de combate à desigualdade e a retomada do crescimento econômico, mas também com serenidade, tranquilidade e capacidade de conviver com a divergência”.

“Haddad foi ministro da Educação por oito anos, dobrou as vagas nas universidades públicas e garantiu que milhares de estudantes entrassem com ProUni nas universidades. Só quem já encontrou uma mãe que formou um filho com ProUni ou que botou o filho em uma escola técnica no interior do Brasil sabe a diferença que fez o trabalho do Haddad para o Brasil. Nós não só estamos prontos como estamos do lado certo e seguiremos estando. #EleNão para nós não é oportunismo de primeiro turno, é uma convicção. O Brasil merece ser democrático e a saída passa por isso”.

“Nós vamos vencer em São Paulo capital. Haddad vencerá para presidente aqui no primeiro turno. As pesquisas já mostram isso porque o povo lembra das 100 mil vagas em creche. Porque o debate sobre mulher não é um debate sobre coisas abstratas. Nós falamos que queremos as mulheres no mercado de trabalho e quando prefeito, Haddad criou 100 mil vagas de creche na cidade de São Paulo. Essa é a vida real. Assim como reduziu a velocidade nas grandes vias, poupando vidas e garantindo que mães não enterrassem os seus filhos acidentados. Isso é o amor materializado em políticas públicas”.

“No nosso programa de governo consta a ideia de nos criarmos um plano nacional de envelhecimento ativo e saudável, porque as pessoas aos 76 anos ainda têm muito para viver com felicidade e com dignidade. E o Brasil precisa respeitar e proteger as pessoas que deram a vida pelo nosso país. Mas, para ter compromissos com os idosos e com a saúde pública, é preciso revogar a emenda constitucional 95. Quem tem compromisso com os idosos defende a revogação da emenda constitucional 95 e não defende nenhuma reforma da previdência que puna aos mais pobres porque esses idosos também tem a sua autonomia financeira a partir da previdência. A maior parte desses idosos recebem o salário mínimo da previdência, então tem que ter compromisso com não mexer com aqueles que ganham na previdência pública, porque assim esses idosos vivem com dignidade a partir da independência econômica”.

“Existem aqueles governos que combatem a corrupção e os outros que colocam ela para baixo do tapete. Eu acredito que no último ciclo nós avançamos muito na consolidação de mecanismos de controle de combate a corrupção. Eu lembro a vocês que a lei de transparência é nova, ela ainda não é perfeita, mas ela é uma lei nova que foi aprovada há 8 anos. Nós fortalecemos a polícia federal, nós garantimos autonomia do ministério público federal, e além disso, eu creio que nós precisamos pensar em novos mecanismos para que a corrupção não aconteça. Nós criamos mecanismos que controlam, combatam e punem os episódios que já aconteceram, mas nós precisamos criar mecanismos que impeçam ela de acontecer. E eu acredito muito nas ferramentas que combinam controle público com participação social. Acho que o estímulo da participação da população nas decisões e no controle das atividades do estado é o mecanismo mais eficiente para o controle e para evitar novos casos de corrupção”.

“Tem muita contradição em discurso e eu anotei algumas para observar a coerência de cada um. A senadora Ana Amélia falou do parcelamento de salários, nós somos gaúchas. No Rio Grande do Sul eu sou deputada estadual, eu estou lá há quatro anos denunciando um governo que parcela salários e o partido dela, o PP, vota sempre a favor do governo. Então como é que é? Pode parcelar salários no Rio Grande do Sul, não pode parcelar em Minas? Nós temos estados com problemas graves e é preciso que o governo federal faça o diálogo sério, como gaúcha e candidata a vice-presidente eu defendo que o Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Alagoas, são estados que as contas estão complicadas, que o governo central tenha generosidade para fazer a discussão, não que proíba investimentos públicos nesses estados como o governo Temer apoiado pela senadora tenta fazer”.

“Eu tenho quatorze anos de mandatos parlamentares e sempre lutei em defesa da dignidade e da vida das mulheres. Recentemente fui ao Maranhão e conheci a experiência da casa da mulher brasileira. Qual a relevância daquilo? Há um investimento na construção da casa de passagem para que a mulher fique enquanto vítima de violência na sua casa, mas há mais do que isso, há qualificação profissional no mesmo ambiente, o juizado e a delegacia estão lá, ou seja, a convergência entre o que o poder executivo pode fazer com acolhimento e a capacitação profissional, com o judiciário e as polícias. Isso é o que protege as mulheres e garanta que elas permaneçam vivas”.