Em visita à Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (23), a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila concedeu entrevista aos jornalistas Fernando Canzian e Thais Bilenkyda para a TV Folha. Durante o bate-papo, Manuela destacou que o PCdoB desde 2016 se manifestou contra à mudança sobre o cumprimento de prisões a partir da segunda instância, e como medida, o partido entrou com uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada.

“Nós do PCdoB já nos manifestávamos contrários a essa mudança, porque uma parte dos brasileiros estão presos sem se quer ser julgado. Como uma parte expressiva dos presos se quer foram levados a julgamento? É certa a impressão, ainda mais de quem conhece o poder Judiciário, de que os mais ricos não são presos (…) Mesmo os ministros que se manifestaram a favor da prisão em segunda instância perceberam que isso deixou de ser eventual e passou a ser aplicada como regra, de forma automática”, explicou.

A expectativa da pré-candidata do PCdoB é que o STF faça o debate sobre a ADC e garanta ao ex-presidente Lula o direito de usufruir a liberdade e depois de registrar a sua candidatura.

“Criou-se uma espécie de divisão artificial na sociedade brasileira. Como se só existissem os lulistas e os que defendem a autonomia do poder Judiciário. Não é nada disso que está colocado no debate. Eu sou concorrente do ex-presidente Lula, mas defendo a Constituição de 1988”, frisou a pré-candidata do PCdoB.

Eleições

Questionada sobre o cenário eleitoral, Manuela respondeu que a esquerda tem um conjunto de candidaturas com boas perspectivas de crescimento.

“O nosso campo político tem um bom desempenho. Mesmo sem Lula chegamos a somar 24 pontos na pesquisa. Acho extraordinário o meu desempenho para essa etapa da campanha”, disse.

Sobre a direita, Manuela ressaltou que não tem convicção de que a direita se organizará em torno de uma única candidatura. “Eles têm muitos problemas para resolver entre eles”, avaliou.

Na visão da pré-candidata do PCdoB, não há candidaturas de centro nesta eleição. “Neste momento não há um centro, e as candidaturas estão situadas, basicamente, em dois campos: aqueles que defendem, com variações, um projeto de desenvolvimento para o Brasil, entre os quais me situo, e aqueles que defendem um conjunto de reformas ultraconservadoras que não levará à retomada do crescimento da economia”, argumentou.

Dívida pública

Para Manuela, “o olhar sobre o crescimento da dívida pública mira apenas na doença, no tamanho, e não na capacidade que o Brasil deve ter de retomar o crescimento”.

“Para nós, é imprescindível pensar numa reforma tributária. Como combater o aumento da dívida sem debater a capacidade de arrecadar do Estado? O problema do Brasil é que cobramos muitos impostos dos pobres e não cobramos nenhum imposto dos multimilionários”, frisou ela, citando a reação de alguns setores da classe média que reagem negativamente quando se propõe a taxação de grandes fortunas.

“Uma parte da classe média acredita que o seu patrimônio de classe média se enquadraria no patrimônio de grandes fortunas. Temos uma parte da população brasileira muito pequena que declaradamente recebe mais de R$ 160 mil por mês. Temos uma outra parte da sociedade brasileira que não é tributada, porque faz as suas declarações a partir das suas empresa e lucros e dividendos não são tributados. Isso é algo estruturando da retomada do crescimento da economia e da retomada da capacidade de investimento do estado”, afirmou.

Manuela ressaltou que o PCdoB acredita que o Brasil precisa fazer um debate de um projeto de desenvolvimento. “De um lado tem a capacidade da retomada de investimento do Estado, do outro lado tem a reforma do Estado para garantir que investimentos cheguem ao Brasil”.

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