A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila em agenda na tarde segunda-feira (26) em São Paulo, participou de uma entrevista com internautas diretamente da sede do Twitter Brasil. Ela respondeu várias perguntas que foram sendo transmitidas ao vivo com postagens de vídeo no microblog.

Sobre sua candidatura, Manuela reafirmou a importância do papel do campo progressista no manifesto apresentado que busca uma “Unidade para reconstruir o Brasil”. Ao responder questionamento quanto possíveis “problemas” com múltiplas candidaturas de esquerda, ela considerou que o “programa comum para a retomada do crescimento econômico brasileiro”, unifica o pensamento deste campo. Diferentemente da direita, que segundo a pré-candidata, tenta inventar um nome para vestir a roupa desse programa ultraliberal, que retira completamente os direitos da população. “O principal problema deles é que é impossível olhar nos olhos do povo brasileiro durante o processo eleitoral e falar a verdade. O povo jamais elegerá um projeto comprometido apenas com lucro dos bancos e com nenhum compromisso com o povo ou com a geração de empregos”.

Manuela afirma que em seu governo, o BNDES terá um papel central na retomada do crescimento da economia, pois é uma das ferramentas que temos para emprestar dinheiro com baixa taxa de juros e para que existe inovação e empreendedorismo no Brasil. “A indústria nacional de precisa de um BNDES forte e para isso precisamos revogar a medida de alteração da TJLP feita por Michel Temer”.

A pré-candidata defende uma reforma Tributária de caráter progressivo. “Precisamos diminuir os impostos sobre o consumo dos mais pobres e tributar os milionários do Brasil que não pagam impostos sobre as suas fortunas”.

Superar o ódio

Na opinião de Manuela, o Brasil é muito maior que o ódio que algumas pré-candidaturas tentam organizar. A pré-candidata afirma que é legitimo o medo que a população sente em relação a crise e os 12 milhões de desempregados. “Esse cenário de instabilidade gera medo. Algumas candidaturas tentam organizar esse medo na forma de ódio. Nós conseguiremos superar o ódio que tentam construir na sociedade brasileira a partir do debate político certo, que é o debate sobre a construção de saídas para a crise econômica e política que o Brasil vive. O Brasil precisa fazer do processo eleitoral de 2018 um momento de debate intenso sobre como retomar o crescimento da economia.

Indústria

Segundo Manuela, o Brasil sofre um desindustrialização veloz e a questão da indústria é central para o programa de governo da pré-candidata comunista, chamado de “novo projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil”: “O tema da indústria nacional é chave para que a gente retome o crescimento da economia brasileira. Acredito que muitas medidas precisam ser tomadas nesse caminho, por exemplo, a política cambial, é uma política que tem que estar a serviço da indústria nacional. A taxa de juros da mesma forma. Mecanismos importantes como é o caso da TJLP vinculada ao BNDES precisam ser retomados para garantir a capacidade de investimentos das nossas empresas, da nossa indústria e também tem o tema sobre qual indústria nós queremos ter. Aposto que o Brasil precisa investir massivamente na conquista para alcançar a indústria 4.0”.

Reforma Trabalhista

Na visão da Manuela, a reforma Trabalhista é a continuação do golpe que retirou a presidenta eleita Dilma Rousseff do poder em 2016 e a solução da sua pré-candidatura é apresentar um referendo revogatório. “Acho que o povo brasileiro deve opinar sobre isso porque não opinou nas eleições passadas. Nas eleições passadas o povo brasileiro escolheu um programa que garantia os seus direitos. Temer rasgou o programa e retirou os nossos direitos. Por isso, é preciso revogar a reforma Trabalhista”.

Segurança pública e ferramentas de combate à violência

Manuela ressaltou que as áreas de Educação, Esporte e Cultura são mecanismos fundamentais para o enfrentamento à violência que acometem muitas crianças e adolescentes no Brasil. “Mas, isso não é o suficiente. O Brasil precisa de uma política nacional de segurança pública que trate da construção de ferramentas, inclusive policiais para o enfrentamento da violência.

Segundo a pré-candidata há cinco questões centrais em relação ao tema da segurança que ela tem pautado: “A criação de uma autoridade nacional, como o Ministério de Segurança Pública, que trabalha de forma permanente garantindo mecanismos para investigação, que é o principal problema para o enfrentamento do crime, uma criação de uma inspetoria nacional de polícia para garantir que os bons policiais sejam a referência. E de uma ouvidoria, para garantir a legitimidade da ação policial nas comunidades, além disso é preciso redefinir os ciclos das polícias, criar um fundo e um piso nacional e se rediscutir a questão das drogas”.

“Os melhores desempenhos no Brasil no esporte de alto rendimento, se deu a partir da iniciativa do programa Bolsa-atleta, um baixo investimento com alto impacto. Então nós precisamos garantir a retomada dos investimentos do bolsa-atleta, para isso é preciso revogar a Emenda Constitucional 95 que congela os gastos públicos por 20 anos”, apresentou a pré-candidata.

Ser mulher

Em relação ao empoderamento feminino, a pré-candidata apresentou como perspectivas três iniciativas: “Primeiro, é o debate da participação política das mulheres, precisamos ter uma política que represente a nós que somos 52% da população e somos invisíveis na política. Por sermos invisíveis na política, somos invisíveis nas políticas públicas. Segundo, é compreendendo que as mulheres nessa cultura machista ficam trancadas dentro da pauta do espaço privado, com cuidados com a casa e com os filhos, portanto, nós temos que ter um investimento massivo em políticas públicas que garantam que a mulher rompa esse padrão e possa estar de volta ao mercado de trabalho. A terceira questão que é central, é o enfrentamento a desigualdade que existe, salarial e de direitos, entre homens e mulheres no mundo do trabalho.

Questionada como é ser mulher e pré-candidata à Presidência da República, Manuela respondeu que é algo bastante difícil, ainda mais pelo momento de conservadorismo que se manifesta de forma muita intensa. “É um grande desafio ser a única mulher da esquerda que concorre à Presidência da República, mas é um desafio que vou levar com a coragem, que marca a minha militância política”.

Sobre o machismo, Manuela destaca que já notou em sua pré-campanha que é interrompida diversas vezes, mais que os candidatos homens, em programas jornalísticos pelo fato de ser mulher. “Algumas pessoas em alguns ambientes interrompem excessivamente as minhas falas. Mas, não cheguei a posição de pré-candidata à Presidência da República para deixar que interrompam a apresentação das minhas ideias para retirar o Brasil da crise e garantir os nossos direitos”.

Diversidade 

Manuela ressaltou que a sua pré-candidatura pretende representar o Brasil da diversidade através de um projeto de desenvolvimento nacional que seja garantidor dos direitos sociais e individuais. “Precisamos enfrentar urgentemente todas as formas de violência que cada uma das brasileiras e dos brasileiros vivem no seu cotidiano”.

A pré-candidata cita o exemplo da comunidade LGBT. “A violência contra a comunidade LGBT é uma das violências que precisamos enfrentar, criminalizando sim a LGBTfobia, mas também tendo um programa sério de conscientização da população para que isso não aconteça. O Brasil precisa ser um país que respeite as escolhas individuais. Qualquer maneira de amar vale a pena e no meu governo isso será regra”.

Na noite desta segunda-feira (26), Manuela participa de encontro com a militância comunista e amigos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).