Manuela no debate: “A macroeconomia tem que servir ao nosso povo”
Ao participar do debate entre pré-candidatos à Presidência da República, Manuela D’Ávila defendeu que uma das saídas para a crise no país passa pela recomposição da capacidade de investimento do Estado. “Acredito que as saídas para a crise do Brasil passam necessariamente pela recomposição da capacidade de investimento do Estado brasileiro e que a União deixe de ter a visão que pode resolver sozinha o conjunto dos problemas do país. Quando falamos em recomposição da capacidade de investimento do Estado, nós necessariamente temos que pensar que vivemos em estados que precisam ter essa capacidade de investimento”.
O debate ocorreu durante a 22ª Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos (CNLE), na tarde desta quinta-feira (10), em Gramado (RS).
Em sua visão, é preciso fazer uma profunda reflexão sobre a política macroeconômica, os juros, o processo de desindustrialização do Brasil e as perspectivas que o país tem como indústria moderna, que gera empregos de qualidade, e, portanto, que melhor remunere os seus trabalhadores.
Para Manuela, o Estado tem que ter capacidade de investir e para isso é preciso fazer a reforma tributária, enfrentando interesses poderosíssimos e as famílias milionárias que ocupa o poder historicamente. “Temos que debater, sim, juros e câmbio, porque a macroeconomia tem que servir ao nosso povo, pois não é a santíssima Trindade que não pode ser debatida”.
“Disputamos uma eleição no século 21, e tem gente que acha que o Brasil pode voltar a investir em áreas sociais no século 22”, disse a pré-candidata do PCdoB.
Desigualdades
“Sou candidata à presidência da República porque acredito que o Brasil pode ser um país sem desigualdade. Quando pensamos em desigualdade, temos que necessariamente pensar na desigualdade econômica – que é uma realidade no Brasil, somos uns dos países mais desiguais do mundo – portanto, caminhos fáceis ou frases de efeito como eu escutei recentemente, ‘temos que dobrar a renda dos brasileiros’, são frases sem efeito real em um país como o nosso. Onde poucos ganham milhões de reais e a maioria da população não ganha basicamente nada. Temos que combater a desigualdade entre mulheres e homens, que também estrutura a desigualdade econômica. Vivemos isso na ausência de representação nos parlamentos. Mas, sabemos que a origem disso não é o parlamento e sim sobre as condições sobre quais nós, mulheres, vivemos”.
Temos uma outra desigualdade que precisa ser enfrentada que é a concentração de recursos na União e que a visão de que a União pode resolver todos os problemas dos estados e municípios sem refletir necessariamente sobre o pacto federativo e a concentração de recursos.
Educação
Sobre a educação, a pré-candidata do PCdoB afirmou que é contra a ideia de que é possível ou necessário federalizar tudo aquilo que está dando errado. “Acho que é possível recompor a capacidade do Estado e garantir que estados e municípios tenham condições de cuidar das suas escolas, como já fazem os pequenos municípios”, declarou.
“Defendo que o investimento central esteja na educação infantil. É isso que faz que o nosso resultado no Ideb seja ruim, a ausência de investimento público nas nossas creches e no resto do sistema de educação infantil”.
Sob o tema “Panorama político nacional”, mediado pela jornalista Rosane de Oliveira, o evento contou ainda com a participação dos pré-candidatos Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol), Alvaro Dias (Podemos) e Henrique Meirelles (MDB).
Confira a íntegra do debate: