Manuela: É preciso ter muita atenção na atual conjuntura do Brasil
A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela d’Ávila, ressaltou que é preciso ter muita atenção na atual conjuntura do país, em bate-papo descontraído com o jornalista José Trajano, nesta sexta-feira (25), em São Paulo. Para Manuela, a saída da crise tem que ser política, e, para isso é necessário a garantia de eleições livres.
Questionada sobre a greve dos caminhoneiros pelo Brasil, que ganhou os holofotes da mídia tradicional, a pré-candidata do PCdoB, respondeu que esse tema é muito delicado e sensível. Na sua avaliação, é um locaute, uma paralisação dos patrões com o objetivo do preço do diesel.
Na visão de Manuela, o grande problema para enfrentar essa atual situação delicada do país, é que o governo de Michel Temer não possui nenhuma autoridade e legitimidade.
“Na vida real, que governo é esse? Com quem ele se relaciona? Por exemplo, as notícias do Senado dizem que embora ele anuncie um conjunto de medidas que pretende aprovar. Existe grupos que já questionam que mesmo com essas medidas já não resolveriam. Mas, esse grupo de medidas que ele pretende aprovar não serão aprovadas porque não tem interlocução real e nem legitimidade, sobretudo, nesse período pré-eleitoral com os governadores ou os que o apoiavam”, explicou.
Manuela enfatizou que o governo de Michel Temer mexe em um conjunto de questões, mas não interfere no conjunto da Petrobras, que é o mais grave. “A política de preços da Petrobras e o tema do Pedro Parente dizer que não aceita influências. Como assim? Ela é uma empresa pública! Qual a razão dela ser pública? Não é um bibelô do governo como eles tratam”.
Indagada se a esquerda brasileira muitas vezes fala apenas para si, Manuela respondeu que sim. Para ela, isso tem várias razões.
“A esquerda tem uma tradição muito vinculada as escolas do pensar europeias. São escolas que depositam muita expectativa na certa sofisticação do discurso. Então acho que tem uma coisa que é profunda, que é vincular a capacidade intelectual com o falar difícil. E isso é uma bobagem sem tamanho e afasta as pessoas. Os políticos do outro lado não têm isso, eles falam direto para o povo”.
Segundo Manuela, a esquerda brasileira errou em não apostar em formas de comunicação de massa com a população nos governos. “Subestimamos a ideia da comunicação direta”.
Sobre a unidade de esquerda, Manuela pontuou que acredita que um dos maiores erros é tentar criar inimizadas entre as candidaturas do campo político. Em sua visão, é uma perda de energia brutal e infantilidade, diante de um quadro tão agudo e com uma velocidade tão grande de destruição do Brasil.
“Os caras estão destruindo o Brasil de uma forma que o Fernando Henrique Cardoso nem no seu melhor sonho, em seu apartamento em Paris, tomando o espumante mais caro, imaginou que aconteceria”.
Tributação das drogas
Manuela defendeu a necessidade de um bate sobre a tributação das drogas. Em sua visão, a mera perspectiva da legalização das drogas sem debater para onde vai o dinheiro, pode gerar novas empresas gigantescas que continuem deixando jovens que muitas vezes se engajam no tráfico pela ausência absoluta de perspectiva.
“Defendo a tributação e conversando muitíssimo com as turmas que se concentra nas favelas passei a ter essa compreensão da necessidade do investimento da tributação e na reparação de comunidades que sofrem com a guerra as drogas”.
Para a pré-candidata, o investimento também deve ser feito na conscientização do uso abusivo de drogas. “Mas, a conscientização do uso abusivo de drogas e o que as evidencias cientifica nos mostram é que isso deve ser feita sobretudo com as drogas que já são licitas no Brasil”.
Mulheres
Conhecida por sua luta aos direitos das mulheres, Manuela reforçou que a atual crise e as medidas aprovadas pelo governo de Michel Temer prejudicam muito mais as mulheres.
Como exemplo, a pré-candidata citou a Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos por 20 anos. “Alguém consegue imaginar algum homem largando trabalho por falta de creche?”, questiona.
Manuela afirma que a ausência do Estado que garanta serviços públicos eficientes é punitiva para toda a população, porém, é muito mais cruel com as mulheres.
Na visão da pré-candidata do PCdoB, o Brasil só se desenvolverá com um projeto de desenvolvimento que foque no combate à desigualdade de gênero e raça.
Durante a entrevista a pré-candidata do PCdoB respondeu perguntas dos internautas e dos convidados Carol Trevisan, Chico Malfitani, Rodolfo Gamberini e Jotabê.
Assista na íntegra: