Militante do feminismo emancipacionista e da luta antirracista, a jornalista e ex-deputada do PCdoB, Manuela d’Ávila comentou, pelas redes sociais nesta segunda-feira (22) dois estudos que mostram as dificuldades encontradas pelas mulheres na área acadêmica e política.

“Segundo estudo publicado na Frontiers in Physiology, mulheres negras, com ou sem filhos, e mães brancas são os grupos que encontram mais barreiras na vida acadêmica. É fato que os cuidados com a família e com as crianças recaem sobre as mulheres. Se somarmos isso às desigualdades e dificuldades sociais encontradas pelas mulheres negras, se torna ainda mais difícil se dedicar à produção na universidade”, disse Manuela.

O estudo citado por Manuela aponta ainda que a pandemia piorou esse quadro, fazendo com que elementos como raça e maternidade aumentassem o desequilíbrio no campo da produção científica para esses grupos.

Outro estudo, publicado na revista Sociologia e Antropologia, mostrou que as mulheres que atuam na área acadêmica tiveram suas rotinas mais afetadas do que os homens na pandemia. “As mulheres não brancas (pardas, pretas, amarelas e indígenas) apresentaram proporções menores de produtividade do que os demais grupos (32%), ao passo que os homens brancos tiveram os maiores níveis de produção (42%)”, noticiou o jornal Folha de S. Paulo.

Para Manuela, “um Brasil desenvolvido só será possível quando incluirmos negros e negras, mães e crianças e adotarmos políticas públicas que incluam, ao invés de excluir, cada vez mais essa parcela da população”.

Mulheres na política

Manuela d’Ávila também se manifestou sobre a participação feminina no parlamento brasileiro. “De 192 países, o Brasil ocupa a 142º posição do ranking internacional de participação de mulheres na política, segundo levantamento da União Parlamentar no Brasil. Um dado alarmante que mostra o impacto da violência política de gênero ao afastar as mulheres da política”, disse Manuela em postagem nesta segunda-feira (22).

Na América Latina, somente o Haiti está em posição pior que o Brasil. E o Japão, país tido como um dos mais mais desenvolvidos, amarga a 165ª. Ruanda tem proporcionalmente a melhor colocação, com representatividade feminina de 61,3%, seguida de Cuba, que tem 53,4%.

Manuela lembrou que, no Brasil, na Câmara dos Deputados, as parlamentares mulheres representam apenas 15% do total de cadeiras e no Senado, 11,54%. Nas Assembleias Legislativas estaduais, o percentual é de 15,56%, e nas Câmaras de Vereadores a participação corresponde a 16,51%.  “Nossa luta é para que nossa participação seja cada vez mais expressiva”, concluiu Manuela.

 

Por Priscila Lobregatte

Com agências